Apontado pela Polícia Federal como um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, acompanhou o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, em viagem oficial que fez a Pequim em fevereiro de 2009, a convite do governo da China. Apenas Tuma Júnior era convidado do Ministério da Segurança da China. Paulo Li teria participado de almoço oferecido a Tuma Júnior por autoridades do Ministério da Segurança no dia 20 de fevereiro do ano passado.
O objetivo da viagem era discutir a cooperação nas áreas de combate ao crime organizado e lavagem de dinheiro, principalmente por meio da capacitação de pessoal. A ideia era ter um acordo que pudesse ser assinado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio de 2009. As discussões, porém, não avançaram e a proposta de acordo foi abandonada.
Li foi preso em setembro, sete meses depois dessa viagem à China. Interceptações de conversas telefônicas e de e-mails realizadas pela PF durante seis meses indicaram que Li contrabandeava telefones celulares da China, adulterava os aparelhos com a colocação de marcas consagradas e os vendia por cerca de 200 reais cada um. A PF estimou na época que o esquema movimentava 1,2 milhão de reais por mês. O chinês foi preso com 15 pessoas na Operação Wei Jin – que, em chinês, significa trazer mercadoria proibida.
Em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial, Tuma Júnior e Paulo Li discutem a emissão de vistos para chineses em situação irregular no Brasil e o secretário chega a encomendar mercadorias. A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou que “o secretário viajou a convite do governo chinês”. Sobre a viagem de Paulo Li, Tuma Júnior mandou dizer, por meio da assessoria, que a reportagem deveria procurar o advogado do empresário.
(Com Agência Estado)