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‘Todos sabiam que o apartamento pertencia a Lula’, diz ex-zelador

José Afonso Pinheiro, que trabalhava no condomínio Solaris, depôs ao juiz Moro nesta sexta-feira. Ele ofendeu os advogados de Lula: "lixos"

Por Da Redação Atualizado em 16 dez 2016, 21h21 - Publicado em 16 dez 2016, 20h54

O ex-zelador do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), José Afonso Pinheiro, afirmou nesta sexta-feira em depoimento ao juiz federal Sergio Moro que “todos sabiam” que o tríplex 164/A “pertencia ao ex-presidente Lula”. Pinheiro também disse que a ex-primeira dama Marisa Letícia “se portava lá como proprietária do apartamento”.

“Nunca a vi se portar como alguém interessada em comprar apartamento”, relatou ao magistrado.

Pinheiro foi arrolado pelo Ministério Público Federal como testemunha de acusação na ação penal contra Lula por suposto recebimento de 3,7 milhões de reais em propinas da empreiteira OAS. Zelador há 20 anos, ele trabalhou no Solaris entre novembro de 2013 e abril de 2016.

A audiência, feita por videoconferência, foi tensa. Pinheiro se exaltou quando indagado pela defesa de Lula sobre sua filiação ao PP depois que foi demitido do Solaris. Ele foi candidato a vereador com o nome “Afonso Zelador do Tríplex” em Santos (SP) e não foi eleito. Irritado com o questionamento, Pinheiro ofendeu os advogados do ex-presidente.

“Vou falar um negócio para você, depois dessa situação toda que teve no Solaris, eu fiquei desempregado, em uma situação difícil. Você não sabe o que é uma pessoa estar desempregada, passando por uma dificuldade terrível. O desemprego está altíssimo. Fui envolvido em uma situação que eu não tenho culpa nenhuma. Eu perdi o meu emprego, a minha moradia e agora vocês querem me acusar, falar alguma coisa contra mim. O que você faria na situação, como você sustentaria sua família? Você nunca passou por isso! Quem é você para falar alguma coisa contra mim? Vocês são um bando de lixo, lixo, isso que vocês são. O que vocês estão fazendo com nosso país, fizeram com nosso país, isso é coisa de lixo”, disse o ex-zelador, interrompido por Sergio Moro, que pediu a ele que se acalmasse.

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O tríplex do Guarujá é o ponto central de uma das investigações encetadas pela força-tarefa da Lava Jato contra Lula. Os investigadores acreditam que o ex-presidente é o verdadeiro proprietário do imóvel, que passou por uma reforma bancada pela OAS. Lula nega ser o dono do apartamento.

Questionado pelo MPF, o ex-zelador disse que Lula visitou o apartamento. “Ele, dona Marisa, mais um grupo de seguranças, corpo de segurança, juntamente com o pessoal da OAS, junto também”. “Era dito que o apartamento pertencia a Lula?”, indagou o procurador. “Sim, todos sabiam lá que o apartamento pertencia ao ex-presidente Lula. Inclusive, até os condôminos sabiam que era dele o apartamento. Sempre houve esse comentário lá. Antes da visita o pessoal já comentava que o apartamento era dele”, relatou Pinheiro.

Após as questões dos procuradores da Lava Jato, a defesa de Lula iniciou uma série de perguntas à testemunha. Parte delas, a respeito das eleições em que o ex-zelador concorreu, foi indeferida pelo juiz Moro, que não viu pertinência com os termos da acusação.

Cristiani Zanin Martins, advogado de Lula, perguntou a Pinheiro quem estava presente em uma segunda visita ao tríplex. “Não falei para você que foi na segunda visita que eu mostrei as áreas para dona Marisa? Que ela foi ver a área da piscina, salão de festa, o hall, todas as áreas do condomínio? Inclusive ela estava elegantemente vestida, bem vestida. Conversou bastante, pessoa bastante popular, entendeu?”

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Pinheiro declarou ter recebido orientação do engenheiro da OAS Igor Pontes “a não falar nada que o apartamento pertencia ao sr. Luiz Inácio e à dona Marisa, era para falar que o apartamento pertencia à OAS”. “A orientação nós já tínhamos recebido para não falar que o apartamento era dele (Lula), que o apartamento pertencia à OAS e não ao Luiz Inácio e à dona Marisa. Isso aí já falando de uma vez com a pessoa, (para) o bom entendedor já basta”, disse.

No fim da audiência, Sergio Moro pediu desculpas ao ex-zelador. “Agradeço a sua colaboração, sua disposição de vir depor como testemunha, mais uma vez eu reitero que o sr. não está sendo acusado de nada, eu lamento pelo fato de o sr. ter perdido o seu emprego nessa ocasião. Lamento muito isso. E lamento se algumas perguntas tenham soado ofensivas ao sr., acredito que não tenha sido a intenção do advogado, mas ainda assim eu peço desculpas em nome do juízo e agradeço a sua colaboração. Muito obrigado”, disse o magistrado.

(com Estadão Conteúdo)

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