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Thompson-Flores conta sua versão da briga com ex-mulher

O ex-diplomata reconstitui pela primeira vez as contendas com a atriz Cristiane Machado, gravadas em imagens chocantes. E diz: a agressora foi ela

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 12 jul 2019, 10h41 - Publicado em 12 jul 2019, 06h30

O empresário e ex-diplomata cario­ca Sergio Schiller Thompson-­Flores, de 60 anos, acaba de ser solto depois de ficar sete meses na cadeia. Cumpria prisão preventiva por haver desobedecido a uma medida protetiva que o impedia de chegar perto da ex-­mulher, Cristiane Machado, 35. Trata-­se de um caso de enorme repercussão: em novembro de 2018, com o ex-marido já foragido, Cristiane, ex-atriz de novelas, deu uma entrevista à TV em que detalhava agressões dele e exibia um vídeo da briga, na noite de 31 de agosto do ano passado, que resultou no pedido da medida protetiva. Na gravação, ele a empurra, atira um sapato nela, ameaça-a com um cinto e, em determinado momento, segura um cabo de carregador de celular em volta do pescoço dela. Na segunda-feira 8, Thompson-Flores procurou VEJA para contar seu lado da história. Não nega que deixou marcas em Cristiane, mas diz ter sido sempre atacado antes e se defendido. Munido de documentos e trechos de mensagens, afirma ter sido vítima de uma armação: “Foi totalmente errado eu tentar contê-la. Olho para trás e fico estarrecido. Como não me dei conta de que devia ter ido embora?”.

Thompson-Flores responde a quatro processos criminais movidos por Cristiane por violência doméstica e descumprimento de ordem de se manter afastado. Sobre essa última, motivo de sua prisão, relata que o pedido original foi registrado por ela logo depois da briga exibida no vídeo. “Fui imediatamente notificado e saí de casa. Entretanto, no dia seguinte, ela me chamou de volta, disse que estava doente, e eu fui. Vivemos dois meses como um casal normal, com relações conjugais plenas e sem nenhum problema”, afirma. Pela lei, para que a medida que impunha o afastamento dele tivesse efeito, o ex-diplomata deveria ter recebido uma intimação formal nesse sentido. Documentos obtidos por VEJA mostram que agentes do Juizado de Violência Doméstica tentaram quatro vezes entregar-lhe a intimação em casa — uma mansão em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde Cristiane mora até hoje e enfrenta ação de despejo. Sempre ouviam que não estava.

Como prova da reconciliação pós-­briga, Thompson-Flores apresenta mensagens no celular entremeadas de beijos e juras de amor. “Como pode uma pessoa falar comigo nesses termos e mover um pedido de afastamento ao mesmo tempo?”, pergunta. Na segunda metade de outubro, diz, brigaram de novo, e ele saiu definitivamente de casa. Dois dias depois, no entanto, voltou e ficaram algum tempo juntos. Ela avisa à polícia que ele apareceu lá, e a prisão preventiva é decretada. Thompson-Flores tem outra versão: “Passamos uma hora deitados, conversamos normalmente e depois fui embora”. Após ter ficado alguns dias foragido, ele se entregou, dando início aos meses de prisão por ter burlado a ordem de afastamento. O processo continua a correr, mas o Ministério Público recomenda sua absolvição por entender que não há provas de que ele tenha sido intimado. O juiz que assinou o alvará de soltura em junho levou isso em conta.

O FIM DO CONTO DE FADAS - Thompson-Flores (acima), recém-saído da prisão: mensagens amorosas trocadas com a mulher poucos dias depois da briga e reproduzidas por ele indicam que o casal teria se reconciliado (Eduardo Monteiro/VEJA)

Sobre os episódios de violência física, Thompson-Flores afirma que Cristiane o agredia por ciúme ou dinheiro e que ele também saía ferido das brigas. A respeito das fotos de marcas decorrentes de uma discussão em março do ano passado, ele explica: “Ela partiu para cima de mim aos tapas, dizendo que eu era um imbecil. Durou horas. Eu tentava contê-­la, e por isso aparecem nela hematomas e um pequeno machucado na boca. Eu saí pior, com uma mordida na virilha, uma no peito e várias escoriações”. Os ferimentos estão listados no prontuário de sua passagem, no dia seguinte, por uma clínica particular do Rio. Ele foi condenado nessa ação e impetrou recurso.

Dois meses depois dessa altercação, eles se casariam no religioso, ela vestida de branco. Segundo o empresário, seguiu-se um período de vida a dois “totalmente normal”. “Ela insistia para que tivéssemos um filho. Fiz inúmeras consultas em clínicas de fertilização”, conta. A suposta normalidade contradiz o relato de Cristiane sobre o mesmo período: em junho ela instalou, em segredo, cinco câmeras no quarto do casal porque viveria amedrontada pelo marido violento. Thompson-Flores vê na premeditação da gravação um indício de que a ex-­mulher tinha a intenção de incriminá-­lo para extorquir vantagem financeira. Consta do processo ao qual VEJA teve acesso o depoimento de uma testemunha da defesa que acompanhou a instalação das câmeras e informou à polícia que 1) o áudio foi suprimido; 2) durante o serviço, Cristiane ensaiou poses nos melhores ângulos; e 3) um ex-noivo “com quem ela se encontrava” tinha acesso às imagens.

FORA DE CONTROLE - O casamento de Cristiane e Thompson-Flores, em maio de 2018: onze meses de uma união explosiva que terminou na Justiça após violenta briga flagrada em um vídeo que perita diz ter sido manipulado (Arquivo Pessoal/Reprodução)

O ex-diplomata diz que a briga de 31 de agosto durou cinco horas, das 21 horas às 2 da manhã. O vídeo que Cristiane exibiu ao país tem dois minutos e meio e foi tirado de um trecho de dezenove minutos. “Ela usou micropedaços da realidade para construir uma narrativa inteiramente falsa”, afirma Thompson-Flores. Ele contratou a perita Denise Rivera para avaliar o material, e o laudo resultante indica manipulação das imagens — cortes de frames, aceleração, zoom. Denise ressalva que a edição do vídeo não anula a existência de agressão. Sobre o momento mais dramático, ele diz: “Estava tentando contê-la e, num ato desesperado, eu a envolvi com o cabo do carregador. Ela se mexeu até encaixá-­lo no pescoço. Percebi que podia machucá-la, puxei para removê-lo e deu-se a escoriação registrada em fotos”. O Instituto Médico-Legal aponta, no exame de corpo de delito obtido pela reportagem, “equimose avermelhada” no pescoço de Cristiane, produto de “ação contundente” que “não resultou em perigo de vida”.

Ela incluiu no inquérito um golpe no ouvido direito, com perfuração do tímpano, atestada por um otorrino que consultou posteriormente. Thompson-Flores submeteu o atestado a um especialista contratado, Júlio César Cury, que observa: “Esse tipo de lesão só seria possível se ela tivesse mergulhado mais de 10 metros ou com o uso de um objeto cortante”. Segundo a defesa de Thompson-Flores, Cristiane pediu que as agressões fossem tipificadas como tentativa de feminicídio, sem sucesso. Nesse processo, em andamento, a recomendação do MP é que o empresário seja condenado por dois crimes: lesão leve (três meses a um ano de detenção) e cárcere privado (dois a cinco anos). Ouvida por VEJA, Cristiane reiterou todas as denúncias contra o ex-marido e o acusou de estar montando cenários para se passar por vítima. Confirma que estiveram juntos nos dois meses após a agressão porque ele se instalou em casa e ela teve medo de reagir. Diz que o vídeo não foi manipulado e que entregou a gravação integral à polícia. Thompson-Flores promete novo capítulo: pretende abrir quatro ações contra ela nos próximos dias.

Publicado em VEJA de 17 de julho de 2019, edição nº 2643

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