Testemunhas de acusação terminam de ser ouvidas no segundo dia do júri de Gil Rugai
Alberto Bazaia, amigo de Luís Carlos Rugai, deve relatar aos jurados que pai e filho tinham relação conturbada
Mais duas testemunhas de acusação devem ser ouvidas nesta terça-feira, quando for retomado o julgamento de Gil Rugai, ex-seminarista de 29 anos acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004. O julgamento começou na segunda-feira e foi suspenso depois de oito horas de audiência e do depoimento de três testemunhas.
Os próximos a serem ouvidos são o delegado Rodolfo Chiarelli e o instrutor de voo Alberto Bazaia Neto. Amigo próximo do pai do acusado, Bazaia deve, segundo o Ministério Público, mostrar que o réu tinha desavenças com as vítimas e, por isso, teria intenção de matá-las.
A promotoria argumenta que Rugai decidiu assassinar o pai, Luís Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra Troitino, depois de ele ser descoberto desviando dinheiro da produtora de filmes da família. Os dois foram encontrados mortos com tiros pelas costas. Já a defesa tenta demostrar que Gil Rugai tinha uma relação afetuosa com o pai e, para isso, pretende ler para os jurados cartas trocadas entre o acusado e a avó.
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A última testemunha de acusação, o delegado Rodolfo Chiarelli, participou da investigação do caso e pode explicar por que uma das principais testemunhas da acusação no processo, o vigia Domingos de Oliveira, mudou sua versão dos fatos no terceiro depoimento no inquérito. O vigilante da rua onde moravam as vítimas, na Zona Oeste de São Paulo, disse inicialmente à polícia que não sabia quem eram as duas pessoas que viu sair da residência. Depois, mudou a versão e confessou ter visto Gil Rugai na noite dos assassinatos. No júri, ele voltou afirmar que o acusado estava no local do crime.
Primeiro dia – Além do vigia, foram ouvidos no primeiro dia de julgamento o médico legista Daniel Munhoz e o perito Adriano Yonanime. Ambos foram convocados pela acusação para dar esclarecimentos sobre a ligação de uma marca de sapato encontrada na porta da casa das vítimas, feita possivelmente na hora do arrombamento da residência no dia do crime.
Para o legista, a lesão encontrada no pé de Rugai é “compatível” com a batida, mas pode ter sido provocada por outros tipos de impactos. Já Yonanime afirmou que tinha “certeza” de que Rugai havia arrombado a porta e que um dos sapatos do réu “encaixava perfeitamente” com o solado marcado na porta. Adriano disse ainda que chegou a ligar para o ex-professor de jiu-jitsu do réu para saber se ele poderia arrombar a porta com um chute. “O professor disse que o réu tinha força suficiente”, disse o perito.
Rugai passou toda a audiência em silêncio, sentado ao lado dos advogados e do perito contratado pela defesa. De terno e gravata, ele chegou ao tribunal abraçado com a mãe e afirmou à imprensa estar “tentando ficar tranquilo” e que “as provas não dizem nada”.