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Temperatura dentro da boate Kiss passou dos 300°C

Relatório diz que única forma de sobreviver após incêndio seria rastejando

Por Da Redação
4 fev 2013, 21h47

A fumaça que rapidamente tomou conta do ambiente da boate Kiss, em Santa Maria, e causou a maior parte das 237 mortes elevou a temperatura interna da casa noturna para mais de 300°C, de acordo com o relatório sobre a perícia realizada pela comissão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande Sul (Crea-RS), divulgado nesta segunda-feira. O estudo revela ainda que a fumaça ficou acumulada em uma nuvem a um metro de altura em relação ao solo. “Após alguns minutos do início do incêndio, a única forma de sobreviver seria se manter abaixado, ou seja, se movimentar rastejando”, destaca o documento.

O professor da escola de engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, que coordenou a comissão do Crea, acredita que o cenário trágico tenha se formado somente cinco minutos após o início do incêndio. “Ainda estamos estudando o tempo que seria necessário para evacuar o local antes que o acúmulo de fumaça atingisse esse nível. Mas os dados preliminares indicam que o tempo seria em torno de 300 segundos (cinco minutos)”, afirmou, ao site de VEJA.

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Por isso, as obstruções das vias de saída tiveram um papel decisivo para o alto número de mortes. Além disso, segundo o Crea-RS, a boate não respeitava a recomendação de ter pelo menos duas saídas. “Havia vários obstáculos e barreiras que, na prática, reduziam violentamente o espaço disponível para a fuga. Esses (obstáculos) causaram quedas e certamente aumentaram o número de mortes”, diz, ainda, o documento.

O relatório aponta outros fatores que comprovam a negligência dos administradores da boate: a casa não solicitou novo alvará após realizar reforma, a lotação estava acima da prevista no Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), houve irresponsabilidade na realização de show pirotécnico e o número de saídas de emergência necessárias para escoar as pessoas não foi respeitado. “A configuração das saídas de emergência deixa a impressão que se buscou subterfúgios para atender os requisitos de norma, ao invés de se atentar para a segurança efetiva dos usuários”, continua o texto do Crea-RS.

O Conselho apontou ainda falhas na norma municipal. Segundo a entidade, a prefeitura de Santa Maria permitia a obtenção do PPCI sem a necessidade de um projeto de segurança realizado por um responsável técnico, como determina a lei. Segundo o documento, a Kiss obteve o PPCI por meio de um sistema digital criado para agilizar as emissões do documento e a apresentação do projeto de segurança obrigatório não foi cobrada pela prefeitura. De acordo com a entidade, muitas falhas que levaram à tragédia poderiam ter sido evitadas, caso a estrutura da boate tivesse passado pela avaliação de um profissional capacitado.

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