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Temer sobe tom em discurso, mas deixa 4 questões sem resposta

Presidente não esclarece por que ouviu Joesley relatar ilegalidades, por que o recebeu, o que quis dizer sobre Cunha e a ligação com deputado Rodrigo Loures

Por José Benedito da Silva 20 Maio 2017, 17h18

O presidente Michel Temer (PMDB) subiu o tom no segundo pronunciamento que fez após a eclosão do escândalo da JBS, proferiu duras críticas ao empresário Joesley Batista – chamando o de criminoso, fanfarrão e fugitivo – e tentou desqualificar as acusações contra ele que lhe renderam um inquérito no Supremo Tribunal Federal, mas deixou ao menos quatro lacunas em sua fala de cerca de 12 minutos.

Na defesa que abriu o seu discurso – a de que o áudio gravado pelo empresário foi manipulado -, o presidente não fez o principal: acusou a existência de edição, mas não negou nada do que está na gravação, como ter dito “tem de manter isso aí” após o empresário relatar que estava “de bem” com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O que significa a frase exatamente? Por que Temer quer que seu antigo aliado e hoje conhecido desafeto esteja “de bem” com o dono da JBS, um dos maiores mecenas de políticos do país? Se a frase estava fora de contexto, qual é o contexto adequado, então?

Temer também não disse por que ficou ouvindo o empresário relatar que tinha subornado um procurador da República e tentado o mesmo com mais dois juízes federais sem questionar Joesley pelas práticas criminosas – pelo contrário, respondeu à revelação com um “ótimo, ótimo”. Para especialistas em direito, o presidente cometeu prevaricação ao ficar ouvindo o relato de crimes sem ter tomado qualquer providência em relação a isso.

A ofensiva para desqualificar Joesley no pronunciamento de hoje, inclusive identificando-o como um empresário que estaria tentando buscar facilidades no governo, deixa ainda mais estridente uma pergunta: por que, então, o presidente recebeu o dono da JBS em sua casa oficial, altas horas da noite, em um encontro que nem constava da sua agenda?

E a maior lacuna de todas: Temer nem cita o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR), seu ex-assessor especial na Presidência da República e indicado por ele para ser seu interlocutor junto a Joesley, segundo afirmação do empresário em sua delação premiada ao Ministério Público Federal – afirmação esta também não contestada pelo peemedebista.

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Loures foi filmado recebendo uma maleta de Joesley – que, segundo o empresário, tinha R$ 500 mil, parte de propina para destravar um processo no Cade – em uma pizzaria de São Paulo cerca de um mês após a já célebre reunião no Jaburu com Temer.

Sobre o seu suposto intermediário – que teve o mandado suspenso pelo STF -, Temer não deu uma palavra nos dois pronunciamentos, nem para confirmar, nem para negar, nem para defender o que era até ontem um assessor palaciano bem próximo ao presidente.

O discurso de Temer foi mais duro, trouxe uma iniciativa concreta (tentar arquivar o inquérito contra ele), reafirmou que não irá deixar o cargo, mas foi insuficiente para afastar as nuvens que pairam sobre ele e que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot a colocá-lo sob suspeita de corrupção passiva, obstrução de Justiça e pertencimento a organização criminosa.

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