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TCU vai rever valores exorbitantes pagos aos anistiados políticos

Por Da Redação
12 ago 2010, 07h52

“Vamos tentar economizar milhões para os cofres públicos, começando pelos casos mais flagrantemente irregulares”, procurador Marinus Marsico.

O Tribunal de Contas da União decidiu rever o alto valor pago aos anistiados políticos no país. Os benefícios já pagos ou aprovados pela Comissão de Anistia totalizam 4 bilhões de reais – e foram concedidos com base em uma lei de 2002. O texto estabelece o pagamento de indenização do estado a vítimas de perseguição política até 1988, ano em que a Constituição foi aprovada.

A revisão foi aprovada na quarta-feira em votação no plenário, por 5 votos a 3. O autor da ação, o procurador do Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico, promete agora dar prioridade aos casos da viúva de Carlos Lamarca e dos jornalistas Ziraldo Alves Pinto e Sérgio Jaguaribe, o Jaguar.

São alvo da representação, por ora, 9.371 benefícios já concedidos. Pela lei,a reparação econômica é maior quando a perseguição tiver causado perda do emprego. Nesse caso, além do pagamento de um valor mensal – cuja média atual é de aproximadamente 3.000 reais -, o anistiado tem direito ainda ao pagamento de valores retroativos a 1988. A regra rendeu indenizações milionárias e pagamentos mensais próximos do teto salarial do funcionalismo público, atualmente em 26.700 reais, o limite para o benefício.

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A proposta do TCU só deixa de lado as indenizações pagas em parcela única, de 100.000 reais, no máximo. Elas representam menos de 5% do total de benefícios de prestação mensal já pagos e dos pagamentos retroativos já aprovados. As demais – pouco mais de 95% do valor total aprovado – deveriam ser tratadas como aposentadoria ou pensão e, como tal, ser submetidas à análise do tribunal, argumentou Marinus Marsico.

“Vamos tentar economizar milhões para os cofres públicos, começando pelos casos mais flagrantemente irregulares”, afirmou o procurador na quarta-feira ao jornal O Estado de S. Paulo.

Maria Pavan Lamarca, a viúva de Lamarca – o capitão que traiu seus companheiros de farda, roubou armas e munição do quartel onde servia, desertou do Exército e, a soldo de uma potência estrangeira, matou inocentes a sangue-frio com o objetivo de implantar no Brasil uma ditadura comunista -, é beneficiária de pagamento retroativo de 902.700 reais, além de uma remuneração mensal de 11.477 reais.

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Lamarca foi morto em combate por militares que cumpriam o dever de detê-lo. Com o perdão, concedido em 2007 pelo Ministério da Justiça, o desertor foi promovido a coronel e sua família passou a receber pensão de general. Marsico avalia que a promoção correta seria para uma patente inferior.

Já os cartunistas Ziraldo e Jaguar, fundadores do jornal Pasquim, que se opunha ao regime, tiveram a pensão mensal vitalícia arbitrada em mais de 4.000 reais – valor ao qual se somam atrasados retroativos a 1988 de um milhão de reais para cada um. Marsico disse que não coloca em dúvida o fato de ambos terem sido vítimas de perseguição política, mas questiona o valor do benefício aprovado pela Comissão da Anistia.

Leia na coluna de Augusto Nunes:

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O ranking dos 10 mais da lista dos anistiados políticos soma R$ 25.439.875,94 em indenizações. A quantia é suficiente para instalar 26 mil computadores em escolas públicas, equipar 31 hospitais com aparelhos de tomografia e distribuir exemplares do livro ‘Técnicas de interrogatório sem violência’ entre 392 mil militares.

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