Servidores da Funai querem ‘basta na gestão anti-indigenista’ do governo
Manifesto critica gestão de Jair Bolsonaro e anuncia paralisação em todo o país na próxima quinta-feira
Um grupo de 70 indígenas guaranis fizeram uma manifestação no vão do Masp, em São Paulo, no sábado, 18, pedindo punição para os assassinos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Foi a primeira de uma das manifestações para cobrar providências do governo de Jair Bolsonaro para a violência nas comunidades indígenas.
Na próxima quinta-feira, 23, será a vez de todos os servidores da Funai (Fundação Nacional do Indio) que irão realizar um ato em todo o país para protestar contra o assassinato de Bruno e Dominic. A manifestação, seguida de uma greve, está marcada para 10h.
“Nenhuma gota de sangue a mais!”, prega o manifesto dos servidores da Funai em defesa dos indigenistas e da instituição. Uma das pautas do movimento é o pedido de demissão do presidente da Funai, o delegado Marcelo Xavier.
A manifestação de quinta-feira terá o apoio da Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ina), da organização Indigenistas Associados e da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsf).
“Manifestamos nossa profunda tristeza e indignação pelo assassinato de nosso colega Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips. Estamos, neste momento, em mobilização permanente para que todos os culpados sejam devidamente identificados e responsabilizados por esse crime bárbaro”, diz o manifesto dos servidores. “Lutamos para que as investigações cheguem até a ampla cadeia de crime organizado instalada no Vale do Javari”, diz trecho do manifesto.
“Precisamos dar um basta na atual gestão anti-indígena instalada na Fundação Nacional do Índio e reunir nossas forças para estruturar mínimas condições de trabalho e segurança para a execução da nossa missão institucional de promover e proteger os direitos dos Povos Indígenas”, continua o documento.
No documento divulgado pelos servidores, eles avisam que não irão descansar até que Marcelo Xavier esteja fora da Funai, por entenderem que o presidente do órgão não tem qualidade mínima para gerir a política indigenista. “Queremos uma Funai indigenista e para os povos indígenas, Já! Demarcação das terras indígenas! Não ao ‘marco temporal’! Queremos ser recebidos pelo ministro da Justiça para apresentar nossas reivindicações!”, diz o manifesto.