Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Sem-terra paraguaios ignoram ordem judicial

Carperos querem ganhar tempo para barganhar com autoridades. Presidente Lugo prometeu pronunciamento sobre o embate nesta segunda-feira

Por Carolina Freitas, de Ñacunday, no Paraguai
6 fev 2012, 08h26

Os sem-terra paraguaios que ocupam as redondezas de fazendas de brasileiros no Alto Paraná, no Paraguai, na região da fronteira com o Brasil, ignoraram a ordem da Justiça daquele país para sair dos arredores de três propriedades em Ñacunday, Santa Rosa del Monday e Iruña. Em Ñacunday centenas deles se instalaram dentro das lavouras. Na sexta-feira, um juiz determinou que os carperos deixassem imediatamente os locais. Até agora, no entanto, o governo negocia com os sem-terra e não há previsão de uma ação policial para fazer cumprir a reintegração de posse.

Leia mais:

Leia mais: Sem-terra ameaçam invadir fazendas de brasileiros no Paraguai

A reportagem percorreu a única estrada que leva à região e encontrou no caminho apenas uma viatura, com dois policias, no sábado. No domingo, quando dezenas de motos e caminhonetes com famílias e móveis dentro acorriam aos acampamentos de sem-terra, havia apenas um agente sentado à sombra de uma árvore diante de um posto policial, ao longo do trajeto de mais de 80 quilômetros.

Continua após a publicidade

“Não tem como fazer reintegração. Não aceitaremos de maneira alguma”, disse Victoriano Lopez Cardozo, líder dos carperos, assim chamados por viverem em carpas (barracas, em português). “Se a polícia vier, será problema da polícia. Retroceder jamais”. Victoriano dá o recado aos jornalistas, mas também ao grupo de centenas de sem-terra reunidos em Ñacunday. Eles assentem a ordem com urros, batendo facões e erguendo porretes.

Apesar do ar ameaçador, o grupo só lançará mão de uma invasão em massa como último recurso. Por enquanto eles vão, de pouco em pouco, ampliado os acampamentos perto das fazendas. Interessa aos carperos negociar. E a pressão que vêm exercendo nas últimas duas semanas já apresenta resultados.

No domingo o clima era de calmaria no acampamento. “Não temos por que falar em ocupação agora. Entraremos neste terreno com o documento debaixo do braço, legalmente”, disse Rosalino Casco, outro líder dos sem-terra. Ele diz ter sido visitado no sábado pelo governador de San Pedro, estado vizinho ao Alto Paraná, José Pavoka Ledesma. Não há confirmação oficial do encontro.

Continua após a publicidade

Um representante do Instituto Nacional de Terras esteve neste fim de semana no acampamento. Em Assunção, o presidente Fernando Lugo reuniu no sábado uma comissão para tratar do assunto e marcou para esta segunda-feira um pronunciamento.

Entenda o caso – Os carperos reivindicam para reforma agrária terras ocupadas há mais de quarenta anos por brasileiros que foram para o Paraguai, na região próxima à fronteira. Os brasiguaios, como são chamados, ajudaram a desenvolver aquele país, com produtivas plantações de soja e milho. Agora, eles consideram essa conquista ameaçada por grupos de sem-terra.

O embate tomou contornos críticos nos últimos quinze dias, depois que o presidente Fernando Lugo determinou a demarcação de terras paraguaias na fronteira com o Brasil. O argumento do governo paraguaio é checar se há brasileiros em terras que originalmente eram públicas. Foi a deixa para os sem-terra convocarem militantes a irem para os acampamentos do Alto Paraná pressionar pela expulsão dos brasiguaios.

Continua após a publicidade
Acampamento de sem-terra paraguaios, conhecidos com carperos, que ameaçam invadir terra de brasilerios. Ñacunday, 5 de fevereiro de 2012
Acampamento de sem-terra paraguaios, conhecidos com carperos, que ameaçam invadir terra de brasilerios. Ñacunday, 5 de fevereiro de 2012 (VEJA)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.