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Segundo turno: de volta à estaca zero

Reviravolta inédita na corrida ao Planalto, disputa aos governos estaduais já levou quem estava em segundo lugar no primeiro turno à vitória no segundo

Por Luciana Marques
4 out 2010, 03h39

Octaciano Nogueira, cientista político: “Quem está em segundo lugar persiste nas agressões e acusações porque foi com essa postura que ele chegou ao segundo turno”

Desde as eleições de 1989, todos os candidatos à Presidência que estavam à frente dos adversários no primeiro turno saíram vencedores na segunda etapa do pleito. O momento da “virada” até hoje não se configurou, na prática, na disputa ao Palácio do Planalto. Entretanto, a experiência estadual revela que o eleitorado pode, sim, mudar de voto entre o primeiro e o segundo turnos.

“A cada eleição você tem entre dois e quatro casos de quem chega ao segundo lugar no primeiro turno, mas reverte e ganha no segundo turno”, avalia o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.

Volta por cima – Nas eleições de 2006, por exemplo, o quadro político na corrida ao governo estadual mudou no segundo tempo em três estados. No Maranhão, Roseana Sarney, do então PFL, tinha 47,2% dos votos no primeiro turno, enquanto Jackson Lago, do PDT, 34,3%. Apesar da diferença de 13 pontos, Lago conseguiu dar a volta por cima no segundo turno e derrotar a adversária com 51,8% dos votos. Na mesma linha, Ana Júlia Carepa (PT) venceu a disputa no Pará e Eduardo Campos (PSB), em Pernambuco.

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Para Fleischer, entre os motivos para a derrota de quem está na frente é confiar na vitória e diminuir o ritmo de campanha. Ele cita o caso de Cristovam Buarque – na época, petista – candidato mais votado no primeiro turno das eleições ao governo do Distrito Federal em 1998, perdeu para Joaquim Roriz, então do PMDB, na segunda etapa. “Roriz demitiu toda a equipe da campanha e contratou novos marqueteiros. Eles arregaçaram as mangas e fizeram uma nova campanha, enquanto a turma do Cristovam estava com a doença de já ganhou”, diz o cientista.

Para virar o jogo, não basta ir às ruas ou trocar de publicitário. É preciso mudar um pensamento comum do eleitor: a do não desperdício de voto. Para não “perder” o voto, muitas vezes o eleitorado prefere escolher aquele que tem mais chances de vencer. “O eleitor vota em quem tiver a vitória mais garantida”, diz o cientista político Octaciano Nogueira.

Diante das dificuldades, o postulante menos votado no primeiro turno tende a partir para o ataque contra o adversário. “Quem está em segundo lugar persiste nas agressões e acusações porque foi com essa postura que ele chegou ao segundo turno”, avalia Nogueira.

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Estratégias – A tática deverá ser adotada por José Serra (PSDB), que chegou ao segundo turno ao lado de Dilma Rousseff (PT) após os escândalos na Casa Civil e as denúncias sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos.

Já a campanha petista avalia que subir o tom neste momento da disputa não é adequado. Desde o início da campanha, Dilma tem afirmado que não baixará o nível com acusações contra Serra. O tucano, em contrapartida, repercutiu os escândalos no horário eleitoral e em coletivas de imprensa. Evitou, contudo, brigas em debates na televisão: as pesquisas internas do PSDB avaliaram que a ofensiva de Serra contra Dilma era mal vista pelo eleitor.

Mesmo com estratégias diferentes, Serra e Dilma sabem que deverão redobrar a cautela em 31 de outubro. Qualquer passo em falso pode mudar o quadro para um lado ou para o outro.

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