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‘Se algo não foi feito, foi por decisão local’, diz ex-presidente da Vale

Em CPI no Senado, Fabio Schvartsman afirma que funcionários da companhia em Brumadinho tinha condições de avaliar riscos

Por Da Redação 28 mar 2019, 16h29

O ex-presidente da Vale, empresa responsável pela barragem que rompeu em Brumadinho, Fabio Schvartsman afirmou que gerenciar uma companhia como a mineradora exige uma estrutura de compartilhamento de responsabilidades e que “se algo não foi feito, não foi feito por decisão local”. Ele prestou um depoimento na manhã desta quinta-feira, 28, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura as causas do rompimento.

“A responsabilidade, se houver, é certamente da área técnica. Não há dúvida de que houve algo tremendamente errado e tenho certeza que as investigações vão apontar os responsáveis. As pessoas da região tinham autonomia e independência financeira para tomar essa decisão. Existe essa delegação de responsabilidade para que haja a possibilidade de uma ação para prevenir o acidente”, disse aos senadores presentes na audiência.

No depoimento, Schvartsman afirmou que só existem duas possibilidades que acarretariam no rompimento: “ou aconteceu algo que não estava previsto e que derrubou aquela barragem ou houve informação pelos sistemas, aconteceram leituras que mostravam problemas e essas leituras, por qualquer motivo, não foram levadas à sério e não foram transmitidas para os demais escalões da companhia”.

O ex-executivo também disse que cada área da mineradora tinha condições de gerenciar riscos e tomar decisões necessárias a sua operação com segurança. Durante as quatros horas de depoimento, Schvartsman afirmou repetidas vezes que todos os laudos técnicos reforçaram a estabilidade e a “boa qualidade” das barragens da mineradora.

Segundo dados divulgados pela Defesa Civil de Minas Gerais, até a última quarta-feira, 27, haviam sido confirmadas 216 mortes em consequência do rompimento da barragem de Brumadinho e 88 pessoas continuavam desaparecidas.

Os senadores presentes na oitiva reclamaram das informações trazidas pelo executivo. Na avaliação dos parlamentares, Schvartsman não apresentou detalhes nem novos fatos que pudessem auxiliar a entender os motivos do rompimento da barragem. Para o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), Schvartsman agiu de maneira “dissimulada”.

Kajuru disse ainda que, se pudesse, o prenderia para “ter a possibilidade de uma delação premiada” com o objetivo de “saber os culpados deste crime”. “Não tem nada de acidente, de tragédia, foi um crime. O senhor tem conseguido dormir?”, questionou.

“Eu gostaria de contribuir, por seu próprio bem, e dizer que hoje, no Direito Penal, essa atitude omissiva não o absolve e ainda se encaixa perfeitamente na teoria de domínio do fato. Isso é típico e vai levá-lo para um caminho muito perigoso. Esteja ciente de que está cavando a própria cova”, disse a senadora e ex-juíza Selma Arruda (PSL-MT). “Esse cinismo Essa frieza é patológica”.

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Rejeitos

O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani Pires, afirmou nesta quinta-feira, 28, que a lama de Brumadinho não chegou a Usina Hidrelétrica de Três Marias. Segundo ele, como o reservatório da usina é muito grande, nenhum rejeito deverá ser carreado para o rio São Francisco.

O diretor reconheceu que há metais pesados nos rejeitos, mas frisou que a maior parte é composta por materiais da própria região. Os metais pesados estão encapsulados e mais de 90% dos testes mostram que não houve contaminação, com os limites abaixo dos níveis de segurança, afirmou Siani Pires.

(Com Estadão Conteúdo)

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