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Santa Teresa completa um mês sem bondes

Bairro perde turistas e moradores têm transporte prejudicado. Previsão é de que composições só voltem a circular no fim de 2012

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 set 2011, 14h47

No momento em que o Rock in Rio traz milhares de turistas à cidade, um dos pontos mais visitados por turistas está desfalcado. Há um mês, Santa Teresa está sem os bondes, ícones do bairro. A circulação foi suspensa desde o acidente de 27 de agosto, quando cinco pessoas morreram e 57 ficaram feridas. Na terça-feira, 30 dias depois da tragédia, manifestações lembrarão as vítimas. No horário do acidente, às 16h, os sinos das igrejas serão tocados, comerciantes fecharão suas portas e as escolas reunirão os alunos para uma atividade em homenagem aos mortos. Mais tarde, às 20h, haverá um panelaço promovido pelos próprios moradores. Na porta de casa, eles farão barulho durante 10 minutos. “É um símbolo que usaremos para abrir os ouvidos da Justiça e do Ministério público”, afirma Abaeté Mesquita, um dos membros da Associação de moradores e amigos de Santa Teresa (Amast).

Só a tragédia foi capaz de interromper o ciclo de inércia dos administradores do bonde e do maior culpado pelo abandono: o governo do estado do Rio de Janeiro. A expectativa de Rogério Onofre, nomeado interventor do sistema de bondes, é de que as composições só voltem a funcionar no fim de 2012. “De acordo com nosso levantamento, diagnóstico e soluções, estimamos, no mínimo, o prazo de um ano. Afirmar que a recuperação poderia ser feita em um prazo menor seria irresponsabilidade de nossa parte”, afirma.

Parar os bondes é frear também o turismo em Santa Teresa. Sem o transporte tradicional, a quantidade de estrangeiros pelo bairro diminuiu. As charmosas ruelas de Santa Teresa, com seus artistas e com sua vista para a cidade, estão mais vazias, pois subir de ônibus, carro ou táxi é bem menos atraente.

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“Nosso bonde não é brinquedinho de parque temático. Ele é, sobretudo, um meio de transporte”, afirma Mesquita, que levanta ainda outro problema: na ausência do bonde, os motoristas de ônibus se sentem à vontade para acelerar, e os coletivos têm andado mais rápido, aumentando o risco de colisões nas ruas de Santa Teresa. As reclamações relativas aos ônibus não são as únicas. A associação contesta a falta de notícias dadas pelo governo do Rio sobre o passo a passo da investigação e revitalização dos bondes. Segundo Mesquita, a demora para que esse sistema de transportes volte a funcionar é uma estratégia governamental para a adoção de bondes exclusivamente turísticos. “O bonde turístico vai fazer com que o bairro perca a identidade, e pode se tornar apenas um local de passagem para o bonde levar os estrangeiros até o Corcovado”, diz Mesquita.

Onofre, no entanto, afirma que o tempo de reestruturação é necessário. “Eu jamais poderia imaginar que um patrimônio cultural e turístico do povo do Rio de Janeiro, em especial dos moradores de Santa Teresa, pudesse estar em uma situação tão deplorável em todos os seus aspectos”, afirmou Onofre, que também é presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Onofre. Ele acrescenta: “Para nossa surpresa, percebe-se claramente que esse estado de coisas vem se consolidando ao longo de mais de uma década”. Onofre disse ainda que o sistema de bondes “é mais que uma esculhambação, é um desrespeito e um desleixo total”.

Para Mesquita, representante da Amast, a explicação para essa década de descuido é apenas uma: “A imagem do bondinho foi utilizada pra vender o Rio para as Olimpíadas e é usada para vender o turismo internacionalmente. É incrível como o estado quer o bônus da imagem do bonde e não quer ter o ônus de cuidar”.

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