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Roubos de carros voltam a assustar população do Rio

Em Niterói, população pede reforço do policiamento, depois de aumento de 76% nos crimes desse tipo, em seis meses. Fim de semana teve 3 mortes em ataques no estado

Por Da Redação 3 abr 2012, 12h59

“As autoridades esqueceram que as cidades vizinhas funcionam como válvula de escape para os criminosos que fogem das áreas com UPPs. Os assaltos e o sequestro-relâmpago estão voltando. São crimes que, desde 2000, tinham sido reduzidos drasticamente”, afirma José Plácido, da Federação das Associações de Moradores de Niterói

Depois de um período de queda, os roubos de veículos voltaram a assustar a população do Rio. Os números dos últimos seis meses reunidos pelo Instituto de Segurança Pública (de setembro de 2011 a fevereiro de 2012), e pelo menos três casos de ataques a motoristas no último fim de semana, com dois mortos, alertaram a população da capital e de Niterói, cidade vizinha onde esse tipo de crime mais vem crescendo. Enquanto na capital os roubos aumentaram 6% durante esse período, em Niterói, São Gonçalo e adjacências esse percentual chegou a 76%. Em todo o estado, apenas no mês de fevereiro deste ano, houve um total de 1.953 roubos, o que equivale a 65 carros por dia, ou mais de dois por hora.

Na segunda-feira, o procurador de Justiça Astério Pereira dos Santos, que já foi comandante do 12º BPM (Niterói) e secretário de administração penitenciária do estado, fez um apelo às autoridades de segurança. Santos pede uma ação emergencial para reduzir a criminalidade na área. “Falta policiamento ostensivo e há uma maior quantidade de bandidos na cidade”, afirma. O procurador ressalta o seu apoio à política de instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio em áreas conflagradas, mas adverte para o efeito que isso tem causado fora da capital, com a fuga de criminosos para outras regiões.

“Quando se implanta uma UPP, sabemos que não há prisão em massa. Pergunto: bandido tem passaporte? Não tem. E não tendo significa que não saíram do país. Se não saíram, vão pra onde? É mais fácil ir para São Paulo ou Niterói? Mais fácil Niterói. Assim, ele continua o modus operandi relativamente perto de casa”, explica o procurador. Para confirmar a tese, Santos cita três conhecidos que tiveram o carro roubado. Dois dos automóveis foram encontrados no Rio de Janeiro, um em Manguinhos e o outro em Vigário Geral. “É uma prova indubitável de que traficantes estão indo para Niterói. O bandido do Rio, com armamento mais pesado, chega levando vantagem na cidade vizinha. Os antigos traficantes se transformam em empregados desses bandidos, que profissionalizam as bocas de fumo de Niterói”, afirma Santos.

Niterói registrou um dos casos mais dramáticos do fim de semana. No sábado, o médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, de 65 anos, foi morto com um tiro no peito na porta de casa, no bairro de Icaraí, durante um assalto no qual os criminosos queriam levar o carro. No domingo, o estudante Jorge Luiz Carvalho, de 24 anos, ficou ferido ao ser baleado no pescoço, no bairro do Ingá. Carvalho estava dentro do carro, perto do endereço onde mora. Apesar de os bandidos não terem levado o automóvel do rapaz, assaltaram outros dois veículos no caminho.

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Segundo o presidente da Federação das Associações de Moradores de Niterói, José Plácido, os assaltos e roubos se tornaram uma preocupação dos niteroienses. “As autoridades esqueceram que as cidades vizinhas funcionam como válvula de escape para os criminosos que fogem das áreas com UPPs. Os assaltos e o sequestro-relâmpago estão voltando. São crimes que, desde 2000, tinham sido reduzidos drasticamente”, conta Plácido. O prefeito da cidade, Jorge Roberto Silveira, classificou a situação como uma “onda de violência sem precedência em Niterói”.

Além das estatísticas oficiais, outro termômetro confiável para medir o risco de ter o carro roubado ou furtado em uma determinada área é o valor dos seguros. Niterói, onde o preço dos seguros se equipara à zona sul carioca, poderá ter seus valores aumentados. “Se a onda de assaltos continuar, vai impactar. É provável que aumente de 20 a 25% os preços. A experiência mostra que, quando há esses picos por um longo período, a tendência é de elevação do preço”, explica Henrique Brandão, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio (Sincor-RJ). Se isso acontecer, o seguro em Niterói se aproximará ao custo do da Baixada Fluminense.

Caso se consolide o cenário apontado por Brandão, Niterói irá na contramão da capital fluminense. Em 2011, depois da instalação de uma série de Unidades de Polícia Pacificadora em favelas, houve redução nos prêmios cobrados pelas seguradoras. Segundo o presidente do Sincor-RJ, nas regiões com UPP – como a zona sul do Rio e o bairro da Tijuca -, os preços dos seguros chegaram a cair em 60%.

De acordo com Brandão, além da criação de UPP, há outros dois fatores que contribuíram para a queda dos valores: o trabalho da Divisão de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) em cima de ferro velho, diminuindo o roubo de carro para desmonte e a Lei Seca, que reduziu o índice de colisões.

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Policiamento – Desde que começou o programa das UPPs, a prioridade do governo do estado tem sido a de formar policiais militares para compor as unidades, que têm a missão principal de garantir a segurança em favelas antes controladas por traficantes. O resultado é um benefício também para áreas próximas aos morros, como aconteceu em Botafogo, que teve queda nos crimes a partir da ocupação do Morro Dona Marta, em 2008, e em várias áreas da Tijuca, na zona norte.

O efeito colateral dessa prioridade é um ‘cobertor curto’ que atinge áreas sem UPPs. E, como as unidades ainda estão restritas à capital, onde é a prefeitura quem arca com as gratificações para os policiais dessas unidades, cidades vizinhas pagam o preço.

Jorge Roberto Silveira e a Polícia Militar anunciaram que 200 policiais militares reforçarão o policiamento nas ruas. O prefeito afirmou que 40 guardas municipais serão integrados ao patrulhamento. “Coisas dessa forma criminosa nunca aconteceram na história de Niterói. Toda vez que o cerco é apertado no Rio espirra em Niterói e os bandidos migram para cá”, reclamou o prefeito.

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