Por Vitor Hugo Brandalise
São Paulo – Pela quinta vez desde seu primeiro projeto, o Trecho Norte do Rodoanel foi modificado pelo governo do Estado. O novo traçado preserva o bairro da Vila União, em Guarulhos, que seria cortado pelo Rodoanel, mas aproxima o anel viário ainda mais da Serra da Cantareira. O impacto já preocupa ambientalistas.
Com a mudança – uma curva ao norte que circundará a Vila União -, 340 famílias do bairro deixarão de ter seus imóveis desapropriados. A alteração foi proposta pelos moradores à prefeitura de Guarulhos em dezembro, que encaminhou a reivindicação à Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa, responsável pela obra). “A proposta dos moradores poupa o bairro e o mantém integrado à cidade”, disse o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT). Ainda assim, uma escola e um reservatório de água públicos terão de ser removidos nessa área. O Sítio da Candinha, parque natural tombado em Guarulhos, será preservado.
A mudança, segundo a Dersa, “não compromete o impacto ambiental” do anel viário nem vai encarecer o valor da obra, estimada hoje em R$ 6,1 bilhões (já 22% mais cara do que os R$ 5 bilhões previstos inicialmente). O Trecho Norte tem 44,2 quilômetros – com sete túneis e 22 viadutos – e atravessará a Serra da Cantareira, passando pela zona norte de São Paulo, Arujá e Guarulhos. A previsão é que a obra comece em dezembro.
Preocupação. Para ambientalistas, o “projeto equivocado” do Rodoanel obriga o governo do Estado a optar entre “impactos igualmente relevantes” a cada mudança. “Quando a essência é errada, as escolhas ficam difíceis. Essa alteração poupa um bairro, mas com o trecho mais próximo da Cantareira, o impacto na fauna e na flora certamente será maior”, disse o ambientalista Carlos Bocuhy, ex-integrante do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.