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Relatório liga deputado do PPS a lobista da máfia da merenda

Fernando Cury é citado em grampo telefônico como aliado do lobista Marcel Ferreira Júlio

Por Da Redação
12 fev 2016, 08h26

Relatório da Operação Alba Branca, que apura um esquema de fraude na compra de alimentos de merenda escolar por prefeituras e pelo governo do Estado de São Paulo, liga o deputado estadual Fernando Cury, do PPS, à organização que fraudava licitações. Cury é citado em documento da Polícia Civil como aliado do lobista Marcel Ferreira Júlio, que está foragido.

O relatório resume a interceptação telefônica que flagrou Marcel falando com um interlocutor que a polícia chama de “Felix” ou “Péricles”. O lobista caiu no grampo em 16 de dezembro de 2015, às 16h. Para os investigadores da Alba Branca, o diálogo indica que Marcel frequentava a sala do parlamentar no Palácio Nove de Julho, sede do Legislativo paulista, na Zona Sul da capital paulista.

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“Marcel conversa com interlocutor e pede para que ele o procure na Assembleia Legislativa, no gabinete do deputado Fernando Cury”, diz trecho do relatório da Alba Branca. Em seguida, o documento cita César Augusto Lopes Bertholino, então diretor financeiro da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), entidade apontada como carro-chefe da quadrilha que vendia produtos agrícolas superfaturados para a composição da merenda – pelo menos 22 prefeituras estão sob investigação da força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual.

O relatório policial afirma que Marcel e César estiveram na Secretaria da Agricultura do Estado, acompanhados do deputado do PPS. “Quando César e Marcel foram na Secretaria da Agricultura, o deputado Fernando Cury estava junto”. Segundos as investigações, a organização também mirava em contratos da Secretaria da Educação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). O ex-chefe de gabinete da pasta Fernando Padula, quadro do PSDB, está sob investigação.

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A Polícia Civil ressalta que Cury tem bastante proximidade com o lobista a ponto de fazer uso de seu telefone para fazer contato “com um vereador”. Marcel teve prisão temporária decretada em janeiro, pela Justiça da Comarca de Bebedouro, na região de Ribeirão Preto, onde fica a sede da Coaf. Na sexta-feira passada a Procuradoria-Geral de Justiça requereu ao Tribunal de Justiça do Estado ordem de prisão preventiva contra Marcel, que permanece foragido. Conforme a Alba Branca, Marcel circulava com desenvoltura na Assembleia Legislativa, cujo presidente, deputado Fernando Capez (PSDB), é citado como suposto beneficiário do esquema de propinas da merenda escolar. O tucano nega taxativamente envolvimento com a organização.

A investigação já apontou elos do lobista com aliados de Capez, entre eles Jéter Rodrigues Pereira, que trabalhava para o parlamentar, em seu escritório político e na Assembleia. Outro ex-assessor do tucano, José Merivaldo dos Santos, foi flagrado em interceptação telefônica da operação no grampo cobrando “58” do lobista. Alba Branca investiga ainda Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, assessor e cabo eleitoral de Capez.

A Procuradoria pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal de Jéter, Merivaldo e Licá. Foi requerido ainda acesso aos computadores da Assembleia usados por aliados de Capez – alvo também de pedido de quebra dos seus sigilos bancário e fiscal.

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Nesta quinta-feira, Cury classificou como “mentirosa” a informação de que ele teria atuado com lobistas da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). “Não estive na Secretaria de Agricultura com essas pessoas. Não sou alvo de nenhuma investigação”, afirmou o deputado estadual. Já a Secretaria de Agricultura e Abastecimento informa que “não há qualquer fundamento nas declarações dos representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e que as ilações são descabidas e absolutamente irresponsáveis”.

A pasta afirmou ainda que “todos os servidores citados na Operação Alba Branca, assim como os contratos de cooperativas agrícolas com a Secretaria da Educação dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), são alvo de investigação da Corregedoria-Geral da Administração”.

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Confira a seguir a nota do deputado Fernando Cury sobre o caso:

Após questionamentos da imprensa sobre as relações que poderia manter com pessoas citadas pela Operação Alba Branca, o deputado estadual Fernando Cury esclarece que não é alvo da referida investigação.

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Interessado no esclarecimento das circunstâncias em que seu nome foi citado no curso das apurações, o parlamentar deslocou-se ate o município de Bebedouro, na tarde desta quinta-feira, 11 de fevereiro, sendo recebido pelo delegado Mário José Gonçalves, que preside o inquérito.

Na oportunidade foi expedida uma certidão atestando que o deputado não é investigado no Inquérito Policial 105/15 do qual culminou a Operação Alba Branca. Também foi esclarecido pelo delegado que o assunto tratado durante uma conversa telefônica entre investigados, em que teria surgido o nome do parlamentar, não tem nenhuma relação com os fatos apurados.

Por ter a Agricultura como uma de suas principais bandeiras, constantemente lideranças e representantes de entidades ligados ao setor procuram o gabinete do deputado. Quanto ao questionamento sobre sua presença em uma reunião na Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, com a presença de um dos investigados pela Operação Alba Branca, o deputado Fernando Cury nega ter participado de qualquer encontro. Para comprovar sua afirmação, o parlamentar já solicitou oficialmente o registro de presenças do dia 15 de dezembro de 2015, data em que a referida reunião teria ocorrido.

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O deputado se colocou à disposição para eventuais esclarecimentos, mas o delegado que preside o inquérito disse não ser necessário, visto que seu nome não consta na lista de parlamentares sob investigação, documento este já encaminhado aos órgãos competentes.

(Com Estadão Conteúdo)

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