A cidade baiana já foi uma das maiores produtoras de feijão do Brasil, mas os produtores quebraram. O plantio irrigado parece ser a saída
Por Pieter Zalis e Gabriel Castro, de Irecê (BA)
29 Maio 2014, 07h10
Na praça Dr. Mario Dourado Sobrinho, no centro de Irecê (BA), a frase “nesta terra em se plantando, tudo dá” serve de boas-vindas aos viajantes que chegam pela rodovia BA-052. Ao final da praça, virando à esquerda, chega-se a outra com nome de Praça do Feijão. Ambas compõem o coração de Irecê e mostram que é a agricultura que sempre deu sustento à economia do município. Mas houve turbulências nas duas últimas décadas.
Nos anos 70, quando o plantio de feijão substituiu a pecuária como principal atividade da economia local, Irecê se transformou em grande fornecedor do produto para as regiões Norte e Nordeste brasileiras. As chuvas regulares, o solo fértil e os volumosos subsídios do governo federal garantiam que mais de 5% da produção brasileira, plantados em 480.000 hectares de terra, viessem da região Irecê, que ganhou o apelido de Capital do Feijão.
Após a safra de 1992, quando foram colhidas 5 milhões de sacas, o município enfrentou uma crise. A pecuária e agricultura extensiva haviam alterado o clima e o solo da região. As chuvas tornaram-se menos frequentes e a terra perdeu fertilidade. Além disso, o governo federal cortou subsídios e muitos pequenos agricultores não puderam pagar as contas. “Mais de 10.000 produtores se endividaram. A região de Irecê teve que se reinventar”, afirma Everaldo da Silva Dourado, presidente da cooperativa de agricultores locais, Copirece.
No período da crise, milhares de pessoas de Irecê e da região migraram para o Sudeste e outras cidades da Bahia. Para quem ficou, o comércio passou o principal gerador de empregos da cidade que antes era uma potência agrícola.
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O primeiro passo da redenção da agricultura começou com a criação de poços para abastecer de água os agricultores locais. A novidade permitiu que a região se reinventasse com o plantio de tomate, cenoura, cebola e pinha, que exigem muito menos espaço (e água) do que o feijão. Hoje, essa produção se espalha por 12.000 hectares.
Mas a grande expectativa dos produtores locais é a implementação do projeto Baixio do Irecê, o maior perímetro irrigado do Brasil, que vai transpor águas do São Francisco para terras locais. Mais de 15.000 hectares já estão irrigados, e o processo de seleção dos agricultores que participarão do projeto já começou. A previsão dos produtores é que as primeiras fazendas sejam beneficiadas ainda em 2014. Com a água em larga escala, Irecê quer seguir o exemplo de uma cidade pernambucana que entrou no roteiro da Expedição VEJA graças à produção de frutas de qualidade: “Irecê ainda será a Petrolina baiana”, diz Dourado.
A Expedição VEJA deixou Irecê às 6h20 desta quinta-feira. A próxima parada será em Janaúba (MG). Nesta sexta-feira, nossa equipe chega a Sete Lagoas (MG).
Saiba quando a Expedição VEJA vai chegar a cada cidade
Datas*
Cidade
6/5
Jundiaí/SP
7/5
Joinville/SC
9/5
Não-me-toque/RS
11/5
Guarapuava/PR
12/5
Três Lagoas/MS
14/5
Rondonópolis/MT
15/5
Sorriso/MT
17/5
Barra do Garças/MT
18/5
Brasília/DF
19/5
Luis Eduardo Magalhães/BA
21/5
Cristino Castro/PI
22/5
Picos/PI
23/5
São Gonçalo do Amarante/CE
25/5
Tauá/CE
26/5
Petrolina/PE
28/5
Irecê/BA
29/5
Janaúba/MG
30/5
Sete Lagoas/MG
1/6
Porto Real/RJ
3/6
São José dos Campos/SP
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