Quadrilha presa trazia ecstasy todo mês para o Brasil
Polícia Federal diz que entravam mensalmente no país cerca de 30.000 comprimidos de droga sintética. Grupo era formado por jovens de classe média
A Operação Open Air, deflagrada pela Polícia Federal para desmantelar uma quadrilha formada por jovens de classe média atuante no tráfico internacional de entorpecentes, detectou que os criminosos recebiam mensalmente no Brasil uma remessa de drogas sintéticas vinda da Europa. Durante os nove meses de investigação, os agentes interceptaram uma carga de 30 mil comprimidos composta, principalmente, por ecstasy. A droga era distribuída para o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e Fortaleza. Grande parte do ecstasy era revendida nas festas raves.
Na Europa, o quilo da cocaína custa, em média, 50 mil reais. Os homens que faziam o trabalho de levar e buscar a droga, chamados de ‘mula’, ganhavam de 1500 a 4 mil reais pelas viagens. Eles embarcavam com até três quilos de cocaína. Em troca, traziam comprimidos de ecstasy, que são vendidos por uma média de 20 reais cada um nas festas de música eletrônica. Quase todos os integrantes da quadrilha são pessoas entre 20 e 30 anos, com boa renda mensal. Os presos no Rio de Janeiro moravam majoritariamente na zona sul.
Dos 16 mandados de prisão expedidos pela justiça, 13 foram cumpridos. Até o momento foram sete presos no Rio, três em Florianópolis, dois em Fortaleza e um em São Paulo. Ao todo, são 12 brasileiros e um holandês, que era o líder da quadrilha. “O diferencial dessa operação foi que conseguimos identificar todos os integrantes da cadeia. Chegamos ao fornecedor, às mulas que transportavam a droga entre os países e aos revendedores no Brasil”, explica o chefe da delegacia de repressão ao crime de entorpecentes, João Luiz Caetano de Araújo.
O holandês fornecia as drogas sintéticas e recebia a cocaína levada do Brasil pelas ‘mulas’. Na noite de quarta-feira, ele foi preso em um bar, no bairro de Botafogo, na zona sul, junto com outros dois homens que estavam com 200 gramas de maconha. Segundo o delegado, o holandês era a grande cabeça do grupo, que financiava e organizava o esquema. Ainda faltam ser presos dois moradores do Rio e um brasileiro que está no exterior.
A particularidade da quadrilha era a forma com que os seus integrantes atuavam. Todos tinham diversas funções dentro do esquema: serviam como ‘mulas’, negociadores, revendedores do ‘asfalto’. Um dos fatores que contribui para lucratividade do comércio de drogas sintéticas é que a venda é feita, principalmente, nos bairros, e não nas favelas. “A droga sintética vem aos poucos substituindo o consumo de cocaína. É uma droga mais limpa, mais fácil de vender e mais consumida pela classe média”, afirma Araújo.