O PSDB vai protocolar nesta segunda-feira um requerimento para que a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, dê explicações à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre as novas denúncias de propina dentro da Casa Civil. A oposição estuda ainda a possibilidade de convocar, assim que os trabalhos sejam retomados no Congresso, após as eleições de 3 de outubro, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os casos de corrupção na Casa Civil. Na mira estarão Dilma e sua sucessora, Erenice Guerra.
Nesta semana, VEJA revela que funcionários da Casa Civil receberam em julho de 2009 – quando Dilma era ministra, portanto – propina por ter ajudado a azeitar a compra do medicamento Tamiflu, usado para conter uma epidemia de gripe H1N1 no país. Vinícius de Oliveira Castro, ex-sócio do filho de Erenice, recebeu 200 000 reais em dinheiro vivo em sua sala, a metros do gabinete da ministra-chefe da Casa Civil. O dinheiro estava em um envelope pardo dentro de sua gaveta.
O vice-líder do PSDB no Senado, senador Alvaro Dias, que já havia requerido à Procuradoria Geral da República semana passada uma investigação do Ministério Público sobre o caso de tráfico de influência, deve anexar ao documento as novas denúncias. “É um lamaçal tão nojento que a indignação não pode ficar contida. A reação tem de ser do tamanho do crime. Em matéria de escárnio, esse caso supera o mensalão. Aconteceu nas barbas de Lula, na barra da saia de Dilma”, disse Dias ao site de VEJA.
Os tucanos haviam pedido na semana passada a convocação de Erenice para depor na CCJ. “Agora queremos ouvir Dilma. Queremos saber como pode ela não enxergar um propinoduto a sua frente. Ela tem de dar explicações. Não pode falar só quando o filho é bonito”, disse o senador. “Se Dilma tivesse dignidade, renunciaria a sua candidatura. É difícil imaginar pessoas de bem votando em uma candidata desse governo.”
Negócios de família – VEJA desta semana revelou ainda que o marido de Erenice, José Roberto Camargo Campos, também aproveitou a influência dela para promover seus negócios. Camargo obteve em 2005 concessão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a Unicel, empresa em que era diretor comercial, entrar no mercado de telefonia celular em São Paulo. A concessão foi contestada por técnicos da agência que, após sofrerem pressão de Erenice e de Camargo, mudaram o parecer. “É uma grande família”, criticou o senador Alvaro Dias. “Eles acham que o estado é uma propriedade privada.”
(Carolina Freitas)