Protesto no antigo Museu do Índio tem 25 detidos
Simpatizantes e indígenas ocuparam o local no domingo, para exigir a criação de uma "universidade popular". Protesto fechou a Radial Oeste por três horas
Depois de uma ação tensa, que chegou a interditar a Radial Oeste e complicou a vida de quem se deslocava da Zona Norte para o Centro na manhã desta segunda-feira, a Polícia Militar deteve 25 pessoas que ocupavam, desde a noite de domingo, o antigo Museu do Índio, nas imediações do estádio Maracanã. Entre os detidos há índios e simpatizantes da causa – que consiste, basicamente, em rejeitar qualquer ação do governo na construção em ruínas, transformada em acampamento em condições precárias e com risco para os ocupantes.
A questão parecia resolvida desde que o governo do Estado, diante da resistência dos ativistas, comunicou ter desistido de demolir o prédio – o verdadeiro Museu do Índio funciona no bairro de Botafogo, na Zona Sul. No domingo, no entanto, um grupo voltou a ocupar o local em obras.
Leia também:
No Maracanã, o milagre da multiplicação dos índios
A farra da antropologia oportunista
Prefeitura tomba prédio do antigo Museu do Índio
Os detidos na manhã desta segunda-feira foram embarcados em um ônibus e levados para a 18ª Delegacia de Polícia (DP), na Praça da Bandeira, zona norte do Rio. A desocupação do velho museu teve momentos de conflito. Um dos ocupantes – aparentemente um indígena – resistiu e foi agarrado pelos PMs. O homem recebeu um jato de spray de pimenta no rosto antes de ser levado para o ônibus.
Os índios e os ativistas reivindicam que o prédio e o terreno vizinho que pertenceu ao Ministério da Agricultura sejam cedidos a eles para a instalação do que chamam de “universidade popular indígena”.
Em nota, o governo estadual informou que “o antigo Museu do Índio não será derrubado”, mas “transformado em um Centro de Referência das Culturas Indígenas”. Os quatro prédios que o Estado comprou do Ministério da Agricultura serão, de acordo com a nota, usados na construção das “estruturas temporárias do Estádio do Maracanã para a Copa do Mundo”. “A demolição desta área (…) será realizada pela Concessionária do Maracanã, com autorização do Estado. Depois da Copa, esta área (…) será utilizada para a construção do Museu do Futebol, previsto para ficar pronto para as Olimpíadas”, diz a nota.
(Com Estadão Conteúdo)