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Prisão temporária de hackers será prorrogada por mais cinco dias

Juiz federal Vallisney de Souza Oliveira afirma, em decisão, que, soltos, grupo poderia destruir provas fundamentais para a sequência do inquérito

Por André Siqueira Atualizado em 26 jul 2019, 20h56 - Publicado em 26 jul 2019, 20h37

O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, decidiu, nesta sexta-feira, 26, prorrogar por mais cinco dias as prisões temporárias dos quatros suspeitos de terem invadido os celulares de pelo menos 1.000 pessoas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro, como revelou a coluna Radar.

Para autorizar a prorrogação das prisões, o magistrado cita o conteúdo dos depoimentos dos investigados. “Pelos respectivos interrogatórios, observa-se que os investigados deram diversas informações sobre os fatos em apuração, havendo ainda necessidade da continuidade das investigações para se almejar, conforme se conclui da representação policial e dos documentos juntados: o completo cenário e a profundidade das invasões praticadas”, escreve o magistrado.

Em outro trecho, Vallisney afirma que, se soltos, os investigados poderiam destruir provas. “Os investigados poderão agir e combinar e praticar condutas, isoladamente e em conjunto, visando apagar provas em outros endereços, mudar senhas de contas virtuais, fazer contatos com outras pessoas eventualmente envolvidas, retirar valores de contas desconhecidas ou de algum modo prejudicar o inquérito policial, que depende ainda de um trabalho técnico pericial que demandará mais alguns dias para ser concluído, considerando-se que dos diversos aparelhos alguns ainda estão com os impeditivos das senhas e outros precisam ser vasculhados e periciados de forma abrangente”, afirma.

 

Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, detalhou como chegou ao telefone de autoridades.

O primeiro alvo de seu ataque foi o promotor de Justiça Marcel Zanin Bombardi, responsável por apresentar uma denúncia contra Delgatti Neto pelo crime de tráfico de drogas com medicamentos controlados. O hacker contou que resolveu atacar o aparelho de Bombardi por atos que ele considerava “ilícitos” cometidos pelo promotor.

As conversas de Bombardi no aplicativo de mensagens Telegram foram armazenadas por “Vermelho” em seu notebook. Ele disse que não publicou o conteúdo das mensagens por “temer ser vinculado ao ataque”, uma vez que morava em uma “cidade pequena” e ser conhecido por ter “conhecimento avançado em informática”.

A partir da lista de contatos de Marcel Zanin Bombardi, Delgatti iniciou uma série de invasões. Bombardi possuía, em sua agenda, o número de telefone de um integrante do “Valoriza MPF”, grupo de Telegram criado pelo procurador regional da República José Robalinho Cavalcanti. Um dos membros do grupo, cujo nome o hacker disse não se recorda, tinha o contato do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). Através do celular do parlamentar, “Vermelho” chegou ao número do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

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A invasão ao aparelho de Moraes forneceu a Delgatti Neto o telefone do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por meio da agenda de Janot, ele conta ter obtido o número de membros da força-tarefa da Lava Jato, como os procuradores Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior e Januário Paludo.

Segundo Delgatti Neto, o acesso aos telefones das autoridades ocorreu entre março e maio de 2019, e que somente armazenou o conteúdo das conversas dos membros do Ministério Público do Paraná, porque, em sua avaliação, constatou “atos ilícitos” dos procuradores.

Vermelho chegou ao número de Sergio Moro através da agenda de Dallagnol. O hacker, então, obteve o códio utilizado pelo Telegram para criar uma conta vinculada ao atual ministro da Justiça. Delgatti ressaltou que não obteve nenhum conteúdo da conta de Moro no aplicativo de mensagens.

O hacker também disse ter acessado o aplicativo do ex-governador Luiz Fernando Pezão e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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Leia aqui a íntegra de decisão.

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