Presídio de Pedrinhas: quem pode, foge — e volta ao crime
Na saída de Páscoa, quarenta detentos não voltaram para o cárcere. Enforcamentos, fugas e despreparo do governo de Roseana continuam
Por Felipe Frazão
27 abr 2014, 15h27
Veja.com Veja.com/VEJA.com
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1/35 Agentes do Conselho Nacional de Justiça e da Polícia Federal em vistoria ao presídio (Karlos Geromy/OIMP/D.A Press/VEJA)
2/35 Presos pulam muro para fugir do presídio de Pedrinhas (Reprodução / Globonews/VEJA)
3/35 Pedrinhas, o maior Complexo Penitenciário do Maranhão (Divulgação/ Governo do Maranhão/VEJA)
4/35 Buraco aberto por caminhão caçamba no Complexo de Pedrinhas, no Maranhão (Gilson Ferreira/O Pequeno/Folhapress)
5/35 Quadrilha do Bonde dos 40 acusada de fuzilar em São Luís (MA) dois parentes de presos que haviam sido decapitados em Pedrinhas, em 2013 (Divulgação/Gilson Teixeira/Polícia Civil/VEJA)
6/35 Sistema de vigilância de câmeras do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, Maranhão (Felipe Frazão/VEJA)
7/35 Sistema de vigilância de câmeras do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, Maranhão (Felipe Frazão/VEJA)
8/35 Sistema de vigilância de câmeras do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, Maranhão (Felipe Frazão/VEJA)
9/35 Sistema de vigilância de câmeras do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, Maranhão (Felipe Frazão/VEJA)
10/35 Local onde está sendo construída a base do sistema de monitoramento de presos por tornozeleira eletrônica em São Luís, Maranhão (Clayton Montelles/Divulgação Sejap/VEJA)
11/35 Neuton Correa delegado titular do 12º Distrito Policial de São Luís (Maranhão) (Felipe Frazão/VEJA)
12/35 Detentos de Pedrinhas sendo transferidos para presídios federais (Handson Chagas/VEJA)
13/35 Detentos que trabalham na limpeza do Presídio São Luís I caminham sob olhar de PM do Batalhão de Choque (Felipe Frazão/VEJA)
14/35 Tabletes de maconha, celulares e serras apreendidas pela PM com mulher de preso que tentava entrar em Pedrinhas (Felipe Frazão/VEJA)
15/35 Enterro de Ana Clara, em São Luís (VEJA.com/VEJA)
16/35 Preso é levado para receber atendimento médico depois de ter sido ferido durante uma briga entre gangues rivais dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís do Maranhão (Douglas Cunha/O Estado do Maranhão/Reuters/VEJA)
17/35 Comoção marca velório da menina que morreu após ser queimada em ônibus. Centenas de pessoas estão levando os sentimentos à família da menina Ana Clara, que morreu na manhã desta segunda-feira (6), no Hospital Juvêncio Matos, em São Luís (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
18/35 Comoção marca velório da menina que morreu após ser queimada em ônibus. Centenas de pessoas estão levando os sentimentos à família da menina Ana Clara, que morreu na manhã desta segunda-feira (6), no Hospital Juvêncio Matos, em São Luís (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
19/35 Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Francisco Silva/Jornal Pequeno/VEJA)
20/35 Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Francisco Silva/Jornal Pequeno/VEJA)
21/35 Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Francisco Silva/Jornal Pequeno/VEJA)
22/35 Ônibus incendiado no bairro do João Paulo, em São Luís (MA) na noite da sexta-feira (03) (Karlos Geromy/OIMP/D.A Press/VEJA)
23/35 Ônibus foram incendiados em São Luís no Maranhão na sexta-feira (03), em retaliação à ocupação, do Complexo Penitenciário de Pedrinhas pela polícia militar (Francisco Silva/Jornal Pequeno/EFE/VEJA)
24/35 Ônibus foram incendiados em São Luís no Maranhão na sexta-feira (03), em retaliação à ocupação, do Complexo Penitenciário de Pedrinhas pela polícia militar (Francisco Silva/Jornal Pequeno/EFE/VEJA)
25/35 Presos filmam decapitados em penitenciária no Maranhão (Reprodução/VEJA)
26/35 Presos filmam decapitados em penitenciária no Maranhão (Reprodução/VEJA)
27/35 Detendo ferido dentro de presídio em Pedrinhas, no Maranhão (Reprodução TV Folha/VEJA)
28/35 Detento ferido durante rebelião é retirado do Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
29/35 Familiares ajudam no resgate de detento ferido durante rebelião (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
30/35 Polícia Militar tenta conter rebelião em Pedrinhas (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
31/35 Polícia Militar controla rebelião em Pedrinhas após carnificina (Reprodução/TV Globo/VEJA)
32/35 Rebelião em outubro de 2013 deixou 10 mortos e 20 feridos na penitenciária (Honório Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
33/35 Superlotação em Pedrinhas: presídio comporta 1.700 homens, mas abriga atualmente 2.200 detentos (Neidson Moreira/OIMP/D.A Press/VEJA)
34/35 Vistoria realizada no Complexo Penitenciário (A.Baêta/OIMP/D.A Press/VEJA)
35/35 Polícia descobriu armas escondidas pelos presos em Pedrinhas (Reprodução/TV Globo/VEJA)
A série de assassinatos brutais no Complexo Penitenciário de Pedrinhas ao longo do ano passado deixou um rastro de medo que ainda perdura no Maranhão, dentro e fora dos presídios, quatro meses depois do ápice da crise. A situação de emergência fez a Polícia Militar e a Força Nacional assumirem o patrulhamento em Pedrinhas a pedido do governo do Estado. Mesmo assim, os detentos voltaram a tentar fugas em massa nas últimas semanas. Ao menos dezessete conseguiram escapar neste ano – dez de uma só vez. A eles se somam os presos de “bom comportamento” que ludibriaram a Justiça no saídão de Páscoa e não voltaram mais. Só em Pedrinhas foram quarenta, além de sete internos de outras unidades prisionais da capital maranhense.
Entre os foragidos há criminosos especializados em assalto a banco, segundo a Polícia Civil, instituição responsável por recapturá-los. Eles estavam na lista de 240 presos da Região Metropolitana de São Luís beneficiados com o indulto na Semana Santa. A juíza Ana Maria Almeida Vieira, da 1ª Vara de Execuções Penais, disse já ter providenciado novos mandados de prisão.
Entre os dias 8 e 14 de maio, comemoração do Dia das Mães, outra leva de detentos terá a oportunidade de escapar da lei sem escalar paredes e grades com cordas feitas de lençol nem rastejar por túneis cavados de dentro das celas. Desde março, eles já abriram cinco passagens subterrâneas para fugas em massa do complexo prisional.
Nada leva a crer que os 47 fugitivos vão se distanciar do crime. O cenário que eles encontram nas ruas da Grande São Luís é assustador. O número de homicídios no primeiro trimestre chegou a 234, alta de 45% ante os 161 dos três primeiros meses do ano passado. A guerra do tráfico é o motor das mortes, que agora também atingem parentes dos criminosos.
No último dia 15, Marcone da Costa Pereira e Domingos Pereira Coelho foram executados a tiros em um intervalo de três horas. O irmão de Marcone, Irismar Pereira, e o filho de Domingos, Diego Michael Mendes Coelho, haviam sido decapitados durante a rebelião de dezembro de 2013 no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. Os presos apelidaram a unidade de “Cadeião do Diabo“.
A Polícia Civil prendeu nesta quinta-feira cinco integrantes da quadrilha responsável pela morte dos dois familiares dos detentos decapitados no CDP. Eles atuavam na Vila Embratel, bairro periférico controlado pelo Bonde dos 40, a sanguinária facção criminosa que disputa os lucros da venda de crack com o Primeiro Comando do Maranhão (PCM).
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A inteligência da polícia também monitora marginais que ameaçaram de morte a mulher de um criminoso que está preso. Ela se mudou para um bairro dominado pela a facção rival da que o marido pertence.
Delegacias – Para tentar controlar o caos, a governadora Roseana Sarney (PMDB) escalou o cunhado Ricardo Murad (PMDB) na chefia da pasta da Segurança Pública. Ele acumula o cargo com o de secretário da Saúde, o que evidencia o status de “supersecretário” de Roseana. Subordinados de confiança dizem que Murad é mais bem “articulado” no Palácio dos Leões, sede do governo maranhense. Logo após assumir, Murad protagonizou uma reunião com o comando da secretaria da Administração Penitenciária. O encontro traçou novas estratégias para desvendar os assassinatos no cárcere.
Uma mudança da gestão Murad é que a Delegacia de Homicídios passou a centralizar as investigações das mortes de presos, em substituição aos DPs de área. Em uma semana, os investigadores indiciaram oito companheiros de cela do preso Laurêncio Silva, de 24 anos, Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do Anil. Ele foi enforcado com um fio de nylon – os acusados tentaram simular um suicídio por enforcamento.
Laurêncio Silva foi o 14º detento assassinado neste ano enquanto estava sob custódia do Estado do Maranhão – sete morreram no Complexo de Pedrinhas. O governo Roseana aposta na inauguração de duas novas penitenciárias de segurança máxima em São Luís para estancar a matança. Mas ainda não há indícios de que a lei do crime vai deixar de valer no cárcere.
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