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Políticos eleitos gastam 11 vezes mais que não eleitos

Levantamento aponta que candidatos que concorrem à reeleição conseguem arrecadar mais dinheiro para as campanhas e assim, mais votos

Por Da Redação
7 nov 2014, 08h16

A conta é simples: quanto mais o postulante a um cargo legislativo arrecada, maior a chance de ele conseguir o que quer. Juntos, os cerca de 1.500 deputados federais, estaduais e distritais e senadores eleitos gastaram 29% mais que a soma das despesas dos mais de 13.000 candidatos que não se elegeram. Os vencedores arrecadaram 1,4 bilhão de reais, ante 1,1 bilhão dos derrotados. Na média, os eleitos gastaram onze vezes mais que os não eleitos.

A diferença entre o gasto médio de vencedores e vencidos varia de cargo para cargo. A disputa financeira menos desigual é no Senado. São menos candidatos – média de quatro por vaga – e os partidos podem canalizar mais recursos para as candidaturas. Entre os concorrentes a senador, a campanha dos eleitos custou 4,3 vezes mais que a dos derrotados: 4,9 milhões de reais, em média, ante 1,1 milhão de reais para os que não irão a Brasília.

Na eleição para a Câmara dos Deputados é que o cofre pesa mais. Os 513 vencedores gastaram, em média, 1,422 milhão de reais para se eleger, em um custo total de 723 milhões de reais. Já os milhares de candidatos que ficaram pelo caminho gastaram, juntos, pouco mais de metade disso. Na média, suas campanhas custaram 93% menos que a dos eleitos. Mesmo assim, gastaram 397 milhões de reais.

O dinheiro faz tanta diferença na eleição para deputado federal que há faixas de sucesso e de insucesso, proporcionais a quanto o candidato gastou. Por exemplo: todos aqueles que arrecadaram mais de 5 milhões de reais se elegeram. Foram dez, como Sergio Zveiter (PSD-RJ), que angariou 5,7 milhões de reais para conquistar 57.587 votos, média de 99 reais por voto – a campanha mais cara da nova Câmara.

Se o candidato à Câmara não puder gastar tanto, mas quiser assumir um risco de não se eleger menor do que 10%, ele terá de gastar entre 3 milhões e 5 milhões de reais. Como foi o caso dos 59 candidatos que gastaram nessa faixa, dos quais 54 se elegeram. O que gastou menos nesse grupo, Carlos Sampaio (PSDB-SP), declarou 3 milhões de reais. Entre os cinco que não tiveram a mesma eficiência está, por exemplo, Newton Lima (PT-SP), que gastou 3,6 milhões de reais, mas não conseguiu voltar à Câmara.

Dos que gastaram mais de 1 milhão e menos de 3 milhões de reais, 65% tiveram sucesso. Já entre os candidatos à Câmara que arrecadaram menos de 500.000 reais, apenas 3% conseguiram garantir o mandato.

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É claro que as chances de ser eleito dependem não apenas dos votos do candidato, mas da soma de sufrágios de sua coligação – e que isso varia de partido para partido e é diferente em cada Estado. Por isso, não é possível afirmar que os valores desta eleição sejam uma regra replicável em pleitos futuros.

Causalidade – Os dados tampouco provam o sentido da correlação. Uma corrente da ciência política advoga que o fato de um candidato já ser favorito facilita a arrecadação de recursos para sua campanha e a torna mais rica. Mas a maioria dos pesquisadores concorda que o oposto é mais determinante: mais dinheiro, mais votos.

Certo é que a regra não vale igualmente para todos. Ao menos não com a mesma intensidade, lembra o professor de ciência política da USP Bruno Speck. Especialista em financiamento eleitoral, seus estudos mostram que o peso do dinheiro depende muito se o candidato concorre à reeleição ou se ele é um novato.

Um parlamentar já larga com 60% de chance de ser eleito, e aumenta essa probabilidade em função da quantidade de recursos que consegue arrecadar. Já o novato parte com uma chance muito menor, que beira a zero, e vai aumentando suas possibilidades na razão direta de quanto ele consegue de doações. “Assim, o dinheiro alavanca mais o novato do que o candidato à reeleição”, afirma.

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Num artigo que Speck publicou recentemente, a intensidade da associação entre dinheiro e desempenho eleitoral depende do tipo de candidato, e é mais forte para os novatos, principalmente as mulheres, e menos forte para os homens que já estão no cargo.

Mobilização – O dinheiro só pesa pouco para um tipo de deputado: o que está inserido em redes sociais com interesses homogêneos e que se mobilizam para eleger um representante por sua ideologia.

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O voto mais barato da nova Câmara foi o do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que representa os evangélicos, defende valores sociais tradicionais e ganhou notoriedade ao presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Não por acaso, o segundo voto mais barato foi o de seu antípoda, Jean Wyllys (PSOL-RJ), que defende o casamento gay e a legalização da maconha. O custo do voto do primeiro foi de 37 centavos e o do segundo, de 47 centavos. Na média, seus futuros colegas gastaram 12,60 reais por voto para chegar à Câmara.

(Com Estadão Conteúdo)

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