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Policial aponta arma para estudante dentro da USP

Episódio ocorreu quando PM tentava fechar prédio que abrigava DCE; comando da PM abriu sindicância e mandou afastar dois agentes

Por Bruno Huberman e Cida Alves
9 jan 2012, 20h39

Um novo capítulo da série de confrontos entre policiais militares e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) ocorreu nesta segunda-feira. Um vídeo divulgado por alunos mostra um policial agredindo e apontando a arma para um aluno dentro da Cidade Universitária. O caso ocorreu enquanto a Polícia Militar (PM) tentava fechar o prédio que abrigava a sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Livre da USP.

Diante da recusa dos estudantes em deixar o local, mostra o vídeo, um policial parte para cima de um aluno negro. O aluno agredido é Nicolas Menezes, que estuda Ciências da Natureza na USP Leste. Após o empurra-empurra, os policias fecharam com tapumes o prédio e soldaram o portão. A assessoria da reitoria diz que não chamou a PM para fechar o prédio.

O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, ordenou o afastamento do policial que mostrou a arma para o estudante e de outro agente que estava no local. A PM abriu sindicância para apurar o episódio, que será concluída em até dois meses. Até lá, os dois policiais permanecerão afastados. A corporação informou que o efetivo policial não serão alterado no câmpus da USP – outros dois policiais assumirão os postos dos agentes afastados.

Segundo o capitão Cleodato Moisés do Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC), os policiais são treinados para sacar a arma ao identificar uma situação de ameaça contra eles ou terceiros, ou se suspeitam que a outra pessoa esteja armada. O capitão explicou que há três maneiras do policial portar a arma: com a mão sobre ela, mantida na cintura; em posição de alerta, com a arma na mão, mas abaixada; ou com a arma apontada para a pessoa. Cabe ao agente, segundo ele, avaliar a situação para decidir se há necessidade de apontar a arma. Apenas em casos de desalojamento, como ocorreu na invasão da reitoria, são acionados os policiais do Batalhão de Choque – que têm treinamento específico para episódios de confronto direto.”Os homens que atuam na USP têm condições de lidar com os episódios dentro da universidade”, disse Nascimento.

O confronto desta segunda revela que este não é o caso de todos os policiais.E deixa claro que o clima de animosidade persiste na USP. Uma fração dos estudantes e funcionários da universidade ligados a sindicatos provavelmente vão continuar fomentando os confrontos com a PM – e se um desses confrontos resultar em ferimentos ou mortes, só eles terão a ganhar. Daí a necessidade de todas as ações desse tipo serem conduzidas por policiais treinados, que não aceitem provocações e realizem um trabalho que é legítimo: o de zelar por um patrimônio que é público e não “dos estudantes” como diziam os invasores do prédio desocupado nesta tarde.

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Reforma – Desde sexta-feira, a guarda universitária tenta fechar o edifício. Segundo a assessoria da reitoria, o objetivo da instituição é retomar uma reforma interrompida em 2009, quando o espaço foi invadido pelos estudantes por discordarem do modo pelo qual o espaço seria gerido na época. Os alunos que estavam no local do tumulto na tarde desta segunda-feira dizem que não foram avisados dos planos da reitoria de fechar o prédio e retomar a obra. Eles prometem manter um acampamento, montado na sexta-feira, para evitar que a reforma seja reiniciada.

O prédio foi fechado pela reitoria em 2006 para a construção de um espaço que abrigaria a sede do DCE, uma livraria e uma farmácia universitária. Na época, dizem os estudantes, a então reitora Suely Vilela pretendia transformar o prédio em um local de convivência da própria reitoria. No período em que esteve ocupado pelos alunos, funcionou no edifício uma lanchonete e um espaço de convivência estudantil. A assessoria da reitoria não soube informar quando a reforma será retomada.

Relembre o caso – A PM começou a patrulhar a Cidade Universitária em setembro de 2011, depois de um aluno das Ciências Atuariais ter sido morto no estacionamento da faculdade. A presença da PM no local foi aprovada pelo Conselho Gestor da universidade em maio. No dia 27 de outubro, policiais e estudantes entraram em confronto depois que três alunos que fumavam maconha perto da faculdade de História foram abordados por oficiais. Logo depois do distúrbio, em protesto, os estudantes decidiram invadir o prédio da administração da FFLCH.

Após uma assembleia em que a maioria decidiu desocupar a FFLCH, uma minoria tomou a reitoria. No dia 8 de novembro, 400 homens da tropa de choque da PM cumpriram a reintegração de posse da reitoria, ordenada pela Justiça. Foram presos 72 manifestantes – 68 estudantes e quatro funcionários.

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No mesmo dia da ação de reintegração de posse da reitoria, os estudantes da USP deram início a uma nova onda de mobilizações. Cerca de 300 alunos organizaram um protesto em frente ao 91º Distrito Policial (Ceagesp), para onde foram levados os manifestantes presos. Na mesma noite, depois de uma assembleia com mais de 2.000 pessoas, os estudantes entraram em greve. A partir daí, eles decidiram marcar protestos semanais pela retirada da PM do câmpus. Aconteceram passeatas pelas ruas do centro da cidade e pela movimentada Avenida Paulista. O movimento não tem data para acabar.

Veja o vídeo:

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