Polícia investiga troca de bebê por dívida de crack
Mulher de chefe do tráfico no Complexo do Alemão foi presa com bebê que, segundo a polícia, é filho de uma dependente da droga
As investigações sobre os disparos feitos por traficantes durante a corrida Desafio da Paz, no Complexo do Alemão, trouxeram à tona uma história bizarra no Rio de Janeiro. A Polícia Civil investiga o uso de um bebê de dois meses, uma menina, como pagamento de uma dívida da mãe, viciada na droga. De acordo com o jornal carioca Extra, a 22ª DP (Penha) prendeu, na terça-feira, Fabiana Muniz Toledo, de 31 anos, mulher de Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná, que comanda bocas de fumo na favela. Ela vinha sendo investigada há dez dias a partir de uma denúncia de adoção ilegal da criança.
Os policiais da 22ª DP descobriram que a mãe do bebê era usuária de crack e, de acordo com o Extra, foi forçada a deixar a criança com Fabiana. A mulher do traficante foi presa com o bebê no colo. Em seguida, a criança foi encaminhada para uma unidade do Conselho Tutelar.
Preso acusado de atirar contra UPP do Alemão
O delegado Reginaldo Guilherme, titular da 22ª DP, afirmou ao jornal que Fabiana aproveitou-se do poder que tinha como mulher de um chefe do tráfico para forçar a mãe a entregar o bebê – uma criança de “bonita e de olhos azuis”.
Fabiane negou, na delegacia, ter adotado ilegalmente o bebê. Segundo afirmou aos policiais, ela estava apenas “tomando conta” da criança no momento em que a polícia chegou. A mãe da criança também foi à delegacia e negou ter dado a criança para a mulher do traficante.
A polícia encontrou indícios, no entanto, de que as versões apresentadas por Fabiana e pela mãe da criança podem não ser verdadeiras: na bolsa da mulher do traficante foi encontrada uma caderneta de vacinação em que constam o nome de Fabiana e de Piná como mãe e pai.
Fabiana agora é investigada por ocultação de recém-nascido e associação para o tráfico de drogas. Como foram encontrados documentos falsos com ela e na casa do traficante, também foi formalizada investigação por falsificação de documento público.
Leia também:
O dilema das UPPs: ocupar é mais fácil do que manter a paz
No Alemão, o tráfico resiste e enfrenta o estado
Entregar a segurança às UPPs é subestimar o poder dos bandidos