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Polícia Federal desmonta quadrilha especializada em contrabando de urânio

Um dos foragidos atuou como segurança da seleção alemã durante a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Os investigadores apuram envolvimento com o terrorismo internacional

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 nov 2015, 16h20

A Polícia Federal desmontou nesta quinta-feira uma quadrilha especializada no contrabando de pedras preciosas e urânio. As investigações tiveram início em 2013 a partir de uma denúncia de que os criminosos estariam enviando o material radioativo para grupos terroristas no Oriente Médio.

No decorrer das investigações, os policiais federais descobriram que, além das remessas do minério, a organização também era especializada em enviar pedras preciosas, principalmente diamantes. Os carregamentos eram enviados para Europa e de lá eram distribuídos para Israel e Dubai. A quadrilha era sediada em Goiânia com filiais em Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Pará, Pernambuco e Tocantins.

Dos acusados que tiveram a prisão temporária decretada, cinco foram detidos e outros cinco estão foragidos. Entre os que são procurados há dois estrangeiros: o marroquino com cidadania francesa Baruk Pilo e o alemão Heiko Helmuth Emil Seibold, que é casado com uma brasileira e mora em Goiânia. Os nomes e as fotografias da dupla foram enviados para a Interpol para que uma ordem de captura internacional seja expedida.

Na década passada, o alemão Seibold já havia sido investigado pela Polícia Federal. Ele foi identificado como recrutador de ex-militares brasileiros para trabalhar como mercenários na guerra do Iraque. As investigações, realizadas em 2005, apontaram que ele pode ter enviado até 500 ex-membros das forças armadas para trabalhar como seguranças em instalações militares e poços de petróleo.

Seibold representava no Brasil a empresa de segurança Inveco International Corporation, com sede em Miami. Além disso, ele mantinha o seu próprio negócio como formador de guarda-costas e seguranças. Em 2014, ele atuou como parte da equipe responsável pela proteção da Seleção da Alemanha durante a estadia da delegação no Brasil.

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Esta não é primeira vez que as autoridades brasileiras investigam o contrabando de urânio e outros metais de uso militar. Em 2012, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram acionadas depois que duas toneladas de tantalita foram descobertas no subsolo de um edifício onde funcionava a representação militar do Governo da Venezuela, na capital da Bolívia, La Paz.

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As investigações mostraram que o mineral havia saído clandestinamente de Guajará-Mirim, em Rondônia, e estava sendo preparado para ser enviado por via marítima para a Venezuela. A carga seguiria de navio a partir do porto chileno de Iquique, onde os bolivianos possuem um terminal franco.

A tantalita que estava sendo contrabandeada é um importante insumo militar utilizado na produção de ligas metálicas de alta resistência ao calor, à abrasão e à corrosão por substâncias ácidas – características ideais para fabricação de peças para reatores nucleares e motores de foguetes e mísseis.

O delegado Charles Lemes, responsável pela investigação, disse, em entrevista coletiva, que os criminosos se valiam do sistema financeiro da Venezuela para realizar operações de câmbio e lavagem de dinheiro. Por causa do sistema irreal de cotação do dólar, frente ao preço real da moeda no mercado negro, as operações de câmbio amparadas no sistema oficial podem render aos beneficiários receitas até 100 vezes superiores, devido à subvalorização da moeda, que é subsidada para operações de comércio exterior.

Com a prisão dos envolvidos e a apreensão de computadores e documentos, os policiais esperam identificar os clientes da quadrilha e o paradeiro do urânio desviado do Brasil. Os investigadores suspeitam que o urânio possa ter sido negociado no mercado negro e tenha ido parar nas mãos de terroistas ou de governos que possam estar desenvolvendo programas nucleares clandestinos.

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