Polícia Civil prende cabo da PM apontado como executor de bicheiro no Rio
Ação conjunta entre força fluminense e polícia da Bahia capturou acusado do assassinato do contraventor Fernando Iggnácio
O cabo da Polícia Militar Rodrigo Silva das Neves foi preso na terça-feira, 12, em uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e das polícias Civil e Militar da Bahia. Ele é apontado pela Delegacia de Homicídios da Capital fluminense como um dos quatro executores do bicheiro Fernando Iggnácio, assassinado a tiros de fuzil em novembro do ano passado em um heliponto da Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade.
Outros três suspeitos apontados pela DH seguem foragidos da Justiça: Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho; Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa; e o policial militar Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, lotado em São Paulo.
Entretanto, a polícia ainda não apontou o mandante do crime, tampouco a motivação pela qual o bicheiro foi assassinado – uma das principais suspeitas é a disputa pelo território de exploração de máquinas caça-níqueis e pelo espólio de contravenção da família.
Conhecido como Das Neves, o cabo da PM preso foi localizado em uma pousada na região de Canavieiras, no litoral Sul da costa baiana. Ele foi um dos primeiros identificados pela DH uma semana após o assassinato do bicheiro. Quatro fuzis usados no crime foram apreendidos.
Embora estivesse sendo monitorado pelo Escritório do Crime, de acordo com documentação a que VEJA teve acesso, a polícia descartou a participação do grupo de matadores formado por Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, morto em fevereiro do ano passado na Bahia em circunstâncias ainda não esclarecidas pelas autoridades.
Genro do contraventor Castor de Andrade (1926-1997), Fernando Iggnacio herdou do patriarca as máquinas de caça-níqueis e de videopôquer pouco antes do bicheiro morrer.
Andrade sofreu um infarto fulminante em abril de 1997. O filho do contraventor, Paulo de Andrade, ficou com os negócios do jogo do bicho – ele morreu assassinado um ano após o pai, em 1998.
Quem gerenciava a parcela de Paulinho era o primo Rogério de Andrade – que é suspeito pela morte do parente naquele ano.
Quando as apostas de jogo do bicho começaram a minguar, Rogério invadiu a seara das máquinas de caça-níquel, tomando parte dos negócios de Iggnacio.
Desde então, eles vinham disputando territórios na máfia da contravenção da Zona Oeste da cidade – não sem deixar um rastro de assassinatos de policiais, milicianos e desafetos ao longo das últimas décadas.