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Polícia Civil planeja megaoperação para conter milícias em eleições no Rio

Ação no dia da votação deve colocar cerca de 8.000 agentes nas ruas a fim de evitar o chamado “voto de cabresto” no pleito fluminense

Por Marina Lang Atualizado em 14 out 2020, 09h40 - Publicado em 14 out 2020, 07h42

A Polícia Civil do Rio de Janeiro planeja uma megaoperação ao longo do dia das eleições, em 15 de novembro, a fim de estancar a atuação das milícias em colégios eleitorais dominados por elas no estado.

O secretário Allan Turnowski informou a VEJA que todo o efetivo policial será colocado nas ruas de comunidades e de pontos em que esse tipo de grupo criminoso atua para influenciar o resultado do pleito em benefício de seus respectivos chefes ou aliados – o chamado “voto de cabresto”, que coage eleitores a escolher candidatos favoráveis a grupos paramilitares. Serão cerca de 8.000 agentes trabalhando e se revezando em turnos no dia do pleito em localidades sensíveis, que serão mapeadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ).

“O foco da polícia passa a ser a milícia também. É claro que também nos concentramos em tráfico de drogas, em roubos, mas as milícias passam a ser uma prioridade na área de segurança pública”, afirmou o secretário da Polícia Civil. A ideia, acrescentou, é asfixiar os grupos paramilitares por vários setores econômicos, que vão desde o transporte clandestino e internet ilegal, também conhecida como “gatonet”, até o fornecimento de gás de cozinha e à lavagem de dinheiro.

“Vamos voltar a trabalhar contra milícias no intuito de desestabilizar essas organizações, e não focar apenas na prisão de um líder ou outro. Vamos sufocar as milícias na área financeira conjugada com as prisões de seus líderes”, prosseguiu Turnowski.

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O modelo de combate pretende reproduzir a bem-sucedida operação Lady Kate, que em 2008 atuou contra a chamada Liga da Justiça – quadrilha de milicianos que dominava Campo Grande e bairros vizinhos da zona oeste do Rio. A ação prendeu o então deputado estadual Natalino Guimarães e outros cinco membros do grupo. Turnowski, à época, era chefe das delegacias especializadas do estado.

Mas nem só a garantia do direito de ir e vir do eleitor está na mira dos investigadores: a polícia está esquadrinhando alguns candidatos que monopolizam as campanhas eleitorais em determinados bairros e comunidades em que outros candidatos são impedidos de entrar para fazer campanha por ordem de milicianos ou de traficantes.

“Solicitamos ao TRE eventuais candidatos que estão tendo liberdade de ação em comunidades que sejam dominadas por milícia ou tráfico para que a gente entenda e investigue o porquê de só aquele candidato consiga andar [por determinada região]. Todo o candidato que tiver exclusividade na campanha eleitoral em determinada localidade vai ser alvo de um inquérito policial assim que a gente tomar conhecimento, tentando, inclusive, inviabilizar a própria eleição dele posteriormente, caso ela esteja viciada”, declarou.

Turnowski, que assumiu a cadeira de secretário há exatamente um mês, já recebeu em seu gabinete alguns candidatos a prefeito e a vereador se queixando da dificuldade de acessar essas áreas – ou mesmo relatando eventuais ameaças. A identidade desses políticos está sob sigilo.

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Um estudo elaborado pela Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil em junho deste ano apontou que há 176 locais de votação influenciados por grupos milicianos no estado do Rio que, por sua vez, contabilizam mais de 555 mil votantes nesses colégios eleitorais. Parece irrisório diante dos quase 12 milhões de eleitores do estado do Rio, mas, a exemplo do pleito de 2016, é um número suficiente para levar um candidato a prefeito do Rio ao 2º turno das eleições municipais.

Se somadas com áreas dominadas pelo tráfico de drogas, as regiões de colégios eleitorais influenciadas pela criminalidade chegam a quase 2 milhões de eleitores. A projeção da Subsecretaria de Inteligência foi feita a partir de um cruzamento de informações da pasta com dados do TRE sobre o pleito de 2018.

Na Baixada Fluminense, notório berço de grupos de extermínio e de milicianos desde os anos 1970, dois assassinatos de candidatos a vereador ocorreram em um intervalo de nove dias: Mauro Rocha Miranda (PTN) foi morto em uma padaria no dia 1º de outubro; no último sábado, 10, Domingos Barbosa Cabral, o Domingão (DEM) foi executado a tiros. Ambos tinham antecedentes criminais – Domingão chegou a ser preso em uma operação contra uma milícia há três meses. A principal linha de investigação da polícia é que os executores sejam ligados a grupos paramilitares que dominam a região.

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