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Polícia Civil interroga adolescente amarrado a poste por ‘justiceiros’ na Zona Sul do Rio

Jovens detidos na segunda-feira no Flamengo admitiram ter saído para "patrulhar o bairro. Delegada investiga se grupo está ligado à tortura contra o rapaz encontrado preso a uma tranca de bicicletas

Por Daniel Haidar e Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
5 fev 2014, 19h02

O adolescente de 17 anos encontrado preso a um poste, com uma tranca de bicicletas, no último sábado, chegou por volta das 19h30 à delegacia do Catete, na Zona Sul do Rio, para ser ouvido pela delegada Monique Vidal, encarregada do caso. O jovem relatou, na noite em que foi libertado, ter sido punido por um grupo de três “justiceiros” mascarados, que o acusaram de cometer assaltos na região. O crime aconteceu na Avenida Rui Barbosa, um endereço nobre da cidade, e a menos de um quilômetro da residência oficial do comandante-geral da Polícia Militar do Rio.

A polícia ainda procura identificar quem são os jovens que agrediram e humilharam o jovem, e, como indicam depoimentos de jovens detidos na segunda-feira, possivelmente planejavam mais ações desse tipo. Apesar de não ter provas nesse sentido, Monique Vidal investiga se a tortura praticada contra o adolescente está ligada a uma confusão registrada por volta de 23h de segunda-feira no Aterro do Flamengo. Naquela noite, 14 jovens foram detidos por policiais militares. Os agentes ouviram gritos de dois adolescentes, que pediam socorro porque temiam ser agredidos. Não houve prova da agressão e, na delegacia, apenas dois detidos aceitaram prestar depoimento – os demais preferiram falar somente à Justiça.

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Os dois jovens que concordaram em falar admitiram usar a página “Bairro do Flamengo”, no Facebook, para planejar “ações de patrulhamento” no bairro, por considerarem que o policiamento é ineficiente na região. Mesmo confrontados com o depoimento dos dois adolescentes, os rapazes negaram que tenham iniciado qualquer tipo de agressão. Eles também admitiram, no entanto, que participavam do tal “patrulhamento”.

Os 14 rapazes, que se consideraram no direito de patrulhar o Aterro do Flamengo, são moradores de bairros da Zona Sul do Rio. Um deles era menor de idade. Eles vão ser investigados por formação de quadrilha, corrupção de menores e tentativa de lesão corporal, mas, como não há prova de crime, não tiveram ordem de prisão. Os investigadores aguardam imagens de prédios da região para tentar identificar se os três torturadores podem fazer parte desse grupo.

Nesta quarta-feira, o administrador da página de Facebook “Bairro do Flamengo” foi interrogado pela delegada. Ele negou que a página tenha servido para planejamentos de ações de justiceiros, como afirmaram dois dos jovens detidos. A artista plástica Yvone Bezerra de Mello, da ONG Uerê, também foi interrogada na 9ª DP e informou à delegada o que presenciou na noite de domingo, além do que ouviu do rapaz. Segundo Yvone, o rapaz relatou que foi torturado por três motoqueiros, com os rostos cobertos por capuzes, que cortaram parte de sua orelha e o prenderam nu ao poste.

Abalada, ela chegou à delegacia e pediu para não ser fotografada, por ter recebido ameaças de morte – ela chegou, no domingo, a publicar imagens dela ao lado do rapaz acorrentado. Yvonne disse ter recebido ameaças anônimas, com acusações de que protege bandidos. “Estou cansada dessa sociedade”, reclamou Yvonne, que foi a responsável por acionar polícia e bombeiros para libertar o rapaz.

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