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‘PMs já entraram atirando’, afirma ex-detento do Carandiru

Julgamento de 26 policiais da Rota começou às 10h30 com o depoimento da primeira testemunha de acusação, que contestou número oficial de mortos

Por Da Redação
15 abr 2013, 13h11

O ex-detento do Carandiru Antonio Carlos Dias foi a primeira testemunha ouvida no júri dos 26 PMs acusados do massacre no pavilhão nove da casa de detenção, ocorrido em 2 de outubro de 1992, em São Paulo. “Os policiais já entraram atirando. Eu estava dentro da minha cela e ouvi o barulho dos tiros”, afirmou Dias diante dos jurados – seis homens e uma mulher.

Segundo ele, que chegou a se emocionar durante o relato, a ação policial durou cerca de uma hora. Dias disse ter contado mais de 100 mortos só no segundo pavimento do pavilhão nove. Relatos oficiais afirmam que 111 detentos foram mortos no total. De acordo com a testemunha, havia pelo menos o dobro de mortos declarados oficialmente. “Esses 111 eram os que tinham família e recebiam visita”.

Para o depoimento de Dias, os réus fossem retirados do plenário. O ex-detento disse que presenciou algumas das mortes e garantiu que não havia armas dentro das celas. “Os presos não tinham armas, nem mesmo facas. Eles ficaram revoltados quando souberam da divulgação de que armas haviam sido encontradas dentro do pavilhão nove.”

O ex-detento disse que a rebelião que resultou nas mortes foi a única que presenciou nos cinco anos em que esteve preso no Carandiru. Questionado pelo promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho se era capaz de reconhecer algum dos policiais que fizeram a invasão do presídio, a testemunha disse que não.

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O julgamento começou por volta das 10h30 desta segunda-feira, após o segundo adiamento apenas neste ano. O júri deveria ter começado na segunda-feira da semana passada, mas uma jurada passou mal no meio da leitura da acusação e foi retirada da sala. Logo depois, com a impossibilidade de a jurada retornar, o juiz José Augusto Nardy Marzagão, responsável pelo caso, anunciou que iria dissolver o corpo de sete jurados, composto por cinco mulheres e dois homens, que havia sido formado pouco antes. O júri foi remarcado, então, para esta manhã, e a previsão é de que dure dez dias.

Até agora, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa estão presentes no fórum, de um total de 23 pessoas convocadas.

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Relembre o caso – Em 2 de outubro de 1992, chamados para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, parte do complexo presidiário do Carandiru, cerca de 340 policiais invadiram o pavilhão nove sob a liderança do coronel Ubiratan. Tudo caminhava para que os mais de 2.000 detentos fossem dominados e tranquilizados, até que os batalhões de choque chegaram ao segundo andar do pavilhão, o foco da revolta. Então, passou-se meia hora de execuções à queima-roupa. Armados com revólveres, escopetas e metralhadoras, os policiais executaram sumariamente 111 presos. Do lado da polícia, nenhuma baixa.

(Com Estadão Conteúdo)

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