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PM diz ter dado depoimento falso sobre morte de juíza

Em depoimento, Jefferson Araújo, um dos 11 policiais acusados do assassinato de Patrícia Acioli, disse que foi coagido a aceitar o benefício da delação premiada

Por Com reportagem de Cecília Ritto
17 nov 2011, 19h24

O policial militar Jefferson Araújo, um dos 11 PMs acusados de participar do assassinato da juíza Patrícia Acioli que estão sendo julgados em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, afirmou hoje ter sido obrigado pela Polícia Civil a se passar por autor de um depoimento que ele não prestou.

Esse depoimento supostamente falso aponta o tenente-coronel Cláudio Oliveira, então comandante do 7º BPM (São Gonçalo), como mandante do crime. Araújo diz ter sido obrigado a aceitar o benefício da delação premiada, que permite abrandar a pena de quem presta informações relevantes sobre um crime.

“Eu estava na DAS (Delegacia Anti-Sequestro), encarcerado. Tive várias visitas do comissário (da Divisão de Homicídios). Ele me disse que, se eu não aceitasse fazer a delação, iria para Bangu 1. Depois ele mostrou um documento já assinado, que me mandava para o presídio de Catanduvas, caso eu não aceitasse fazer a delação nos moldes do que ele estava me propondo. Eu só pensei na minha família”, afirmou o PM.

A Polícia Civil informou que não vai se manifestar sobre o caso enquanto não tomar conhecimento do teor da acusação. Segundo a instituição, caso considere necessário apurar a denúncia, o juiz encaminhará ao Ministério Público, que por sua vez levará a acusação à Corregedoria da Polícia.

Araújo foi o segundo dos 11 acusados a ser interrogado, durante a audiência que julga os policiais. A juíza, que trabalhava em São Gonçalo (Região Metropolitana), foi morta a tiros em agosto, quando chegava em casa, em Niterói. O julgamento continua e não tem prazo para terminar.

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Durante o interrogatório dos PMs, o cabo Sérgio Costa Junior disse ter matado a magistrada por se sentir injustiçado. Quando o juiz Peterson Barroso Simão, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, o perguntou sobre o porquê de tantos disparos- 21 tiros atingiram o carro de Patrícia-, ele respondeu que não gostou de saber que sua prisão seria decretada. Na ocasião, o grupo de policiais que executou a juíza não sabia que ela já havia decretado a prisão e achou que a morte de Patrícia seria uma forma de não irem para a cadeia.

“No momento, eu fiquei muito chateado e revoltado com a situação porque eu não respondia a nenhum auto de resistência antes. Senti-me injustiçado e resolvi executá-la”, declarou. Depois dessa fala, ele disse ter se arrependido do que fez. Junior foi o primeiro réu a ser interrogado nesta quinta. Na polícia, em troca da delação premiada, ele depôs contra o então comandante do 7º BPM (São Gonçalo) tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira. No depoimento, Junior expos o mecanismo de corrupção que, segundo ele, era comandado por Oliveira.

Junior trabalhava no batalhão comandado por Oliveira há cerca de um ano e dois meses. No interrogatório, o réu disse ter sido convidado para integrar o Grupamento de Ações Táticas (GAT) pelo braço-direito de Oliveira, tenente Daniel Benitez. O cabo reafirmou que foi Benitez quem teve a ideia de matar a magistrada. A princípio o crime seria cometido por uma milícia contratada. Depois, o tenente teria dito que não conseguiu fazer contato com o grupo paramilitar.

No dia da morte de Patrícia, em 11 de agosto deste ano, Junior afirmou que deixou o serviço às 7h, foi para casa e descansou até as 10h. O cabo informou que, naquele dia, havia o comentário de que a juíza poderia prender toda a equipe do GAT por um processo de auto de resistência que resultou na morte de Diego Belini, morador do morro do Salgueiro. “Através dessas informações, eu e o tenente Benitez, na parte da tarde, passamos em frente ao Fórum para saber se a juíza se encontrava lá”, disse Júnior.

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À tarde, os dois foram a Piratininga, em Niterói, para conferir se Patrícia estava em casa. Depois, voltaram para São Gonçalo. Às 21h, a advogada Ana Cláudia ligou para Benitez afirmando que a juíza poderia a qualquer momento prender os policiais do GAT. Foi após essa ligação que Júnior e Benitez foram ao Fórum de São Gonçalo e ali ficaram até a saída de Patrícia. Segundo a versão do cabo, os dois a seguiram de moto e outro policial foi de carro. No caminho, apenas a motocicleta continuou.

“Paramos a moto próximo à residência e aguardamos a entrada do veículo na rua dela”, relatou o cabo. De acordo com Júnior, ele e Benitez começaram a disparar quando a juíza estava quase parando o carro em frente a sua casa, em Niterói. A arma calibre 45 usada pelo cabo parou de funcionar e ele, então, atirou a outra arma que carregava, calibre 40. “Como não tinha certeza se ela já tinha morrido, saquei a outra arma e fiz mais disparos”, disse.

(Com Agência Estado)

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