PF pede perdão judicial a delatores do cartel dos trens
Investigadores argumentam que os dois ex-executivos da Siemens foram decisivos para a conclusão do inquérito, que indiciou 33 pessoas
A Polícia Federal pediu perdão judicial para dois ex-executivos da multinacional alemã Siemens que contribuíram com as investigações sobre o cartel formado entre empresas para obter contratos de obras do sistema metroferroviário de São Paulo. Na solicitação enviada à Justiça Federal, a PF reitera que os delatores Everton Reinheimer e Jean Malte Orthman tiveram papel decisivo na operação que desmontou o conluio das empresas que agiram entre 1998 e 2008 durante governos administrados por tucanos.
Os dois ex-diretores firmaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público em outubro de 2013. Tendo em vista o abrandamento da pena, eles detalharam nos depoimentos como atuava o cartel e as estratégias adotadas pelas empresas para fraudar as licitações. Reinheimer ainda chegou a apontar o envolvimento de políticos que teriam recebido propina das empresas. Os políticos negam. Apesar de não ter apresentado provas, os relatos do ex-diretor fizeram com que parte do inquérito fosse remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tem competência para processar parlamentares com foro privilegiado.
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No início deste mês, a Polícia Federal indiciou 33 acusados de participação no esquema, entre eles, o presidente e o diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Bandeira e José Luiz Lavorente, respectivamente. Reinheimer e Orthman não foram citados no inquérito. Cabe a Justiça decidir se concede o perdão aos delatores.
(Com Estadão Conteúdo)