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‘Perdeu a vida por causa de uma arma’, diz pai de menino morto pelo irmão

Jackson Silva, de 11 anos, foi atingido no rosto por um tiro de espingarda disparado pelo irmão mais novo

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 18 jan 2019, 22h38 - Publicado em 18 jan 2019, 18h07

Faz uma semana que o café da manhã na casa do agricultor Jadielson Silva, de 31 anos, não é mais o mesmo. Acostumado a fazer a refeição na companhia dos quatro filhos antes de ir trabalhar, agora Jadielson faz o desjejum só com três deles – Jackson Silva, de 11 anos, morreu depois de ser atingido no rosto por um tiro de espingarda disparado pelo irmão mais novo, de apenas 8 anos.

A família mora em um sítio na cidade de Olho d’Água Grande, no interior de Alagoas, a 170 quilômetros de Maceió. A mãe é dona de casa e Jadielson trabalha na roça. Por morar em uma propriedade rural, ele mantinha em casa uma espingarda calibre 12, que era usada para proteger a casa e assustar animais que tentassem invadir o local. A arma foi herdada do avô há quase vinte anos. Em todo esse tempo, ele diz que nunca precisou usá-la em defesa própria.

Segundo Jadielson, a espingarda ficava embrulhada num pano e guardada em cima do guarda-roupa no quarto do casal. As munições estavam em uma caixinha, escondida dentro do armário, atrás do cabideiro de calças do agricultor. Ele afirma que as crianças nunca brincaram antes com a arma.

Na última sexta-feira, 11, o café foi servido por volta das 7h30, como sempre acontecia. Jadielson se despediu dos filhos e saiu para o trabalho. A mãe das crianças foi lavar roupa enquanto os meninos assistiam a desenho na sala. Por volta das 8h40, o agricultor recebeu uma ligação do filho de 8 anos, desesperado, dizendo que “alguém tinha atirado no irmão”.

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De acordo com o relato feito à polícia, o filho mais novo terminou o café e foi até o quarto dos pais, onde pegou a arma em cima do guarda-roupa. Colocou a munição – Jadielson afirma que nunca guardou a arma carregada – e disparou contra o rosto do irmão, Jackson, que continuava na sala.

Com o barulho do disparo, a mãe se assustou e correu para ver o que tinha acontecido. O filho agonizava no chão da sala, sangrando muito, enquanto o irmão gritava pedindo ajuda. Ao saber do caso, Jadielson saiu correndo do trabalho e voltou para casa. Encontrou o filho desacordado, mas respirando.

Desesperado, pediu ajuda a um vizinho para ir ao hospital em Arapiraca – cerca de quarenta minutos distante do sítio. Ao chegar no Hospital Estadual de Emergência Daniel Houly, referência na região, Jackson já estava sem vida. “Não deu tempo de fazer nada. O tiro desfigurou o rosto dele, ele ficou irreconhecível. A dor é tão grande dentro de mim e da mãe dele, é uma dor que não passa, é uma dor que rasga o peito”, disse.

“Estamos todos à base de remédios”

O autor do tiro não fala sobre o assunto. Segundo Jadielson, o menino de 8 anos está sob acompanhamento psicológico, só chora e repete que não fez o disparo. “Ele só diz que não foi ele, mas não havia mais ninguém em casa e não há hipótese de alguém ter entrado. Por orientação da psicóloga eu não fico pressionando muito, pois pode ser pior para ele. Agora estamos todos à base de remédios”, diz o pai.

Jadielson também era um defensor da arma em casa e, depois de viver essa tragédia, afirma ser absolutamente contra. “Por muito tempo achei que o cidadão tinha o direito de se proteger dentro de casa. Mas pensa assim quem nunca passou por isso. Depois desse episódio dentro da minha própria casa, com meus filhos, sou absolutamente contra o porte de arma. Peguei trauma.”

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O agricultor diz que a tragédia causou um “efeito dominó”, derrubando toda a família, que ainda está de luto pela perda precoce de Jackson. “Uma criança inocente perdeu a vida por causa de uma arma dentro de casa. Só agora tenho real noção do que uma arma é capaz de fazer”, afirmou.

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