Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Peça-chave da Lava Jato, Youssef ganha ‘liberdade’ após três anos

Segundo a colaborar com a operação, doleiro condenado a 132 anos de prisão poderá sair de casa, mas continuará com tornozeleira eletrônica por mais 2 anos

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 mar 2017, 18h56 - Publicado em 17 mar 2017, 08h24

Exatos três anos após ser preso pela Polícia Federal em um hotel em São Luís (MA), na primeira fase da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef progrediu nesta sexta-feira ao regime aberto. Depois de dois anos e oito meses preso no Paraná, entre a carceragem da PF em Curitiba e o Complexo Médico Penal de Pinhais, Youssef, um dos principais delatores da operação, ainda terá pela frente, no entanto, algumas restrições. A Justiça Federal determinou que Youssef continue por mais dois anos com uma tornozeleira eletrônica, período em que ele também deverá se recolher em sua casa entre 22h e 6h.

Os advogados dele não comentam a quais atividades o doleiro se dedicará a partir de hoje. Limitam-se a dizer que ele busca recomeçar a vida longe dos holofotes da imprensa. Desde novembro, o delator passa os dias em um apartamento de cerca de 50 metros quadrados com vista para o Parque do Ibirapuera na Vila Nova Conceição, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.

Este será o segundo “recomeço” de Youssef. Ele foi preso e condenado no caso Banestado, que veio à tona em 1998, por crimes contra a ordem tributária, evasão de divisas, formação de quadrilha e corrupção ativa nas fraudes no antigo Banco do Estado do Paraná (Banestado), que envolveram cerca de 30 bilhões de dólares.

Foi nessa época que Youssef conheceu o rigor da caneta do juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos do Banestado e da Lava Jato. “Eu sou homem de ter coragem de mamar em uma onça, mas o único homem de quem eu tenho medo nesta terra se chama Sergio Moro”, revelou o doleiro em entrevista ao jornalista Vladimir Netto, autor do livro Lava Jato (Primeira Pessoa, 2016).

Com duas condenações no Banestado, cujas penas totalizam onze anos e quatro meses de prisão, o doleiro só se safou de uma longa temporada na cadeia ao firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2014. O compromisso de se afastar da vida criminosa não prosperou, no entanto, como mostra o escândalo da Petrobras investigado na Lava Jato.

Continua após a publicidade

Diante da reincidência do doleiro, Moro resolveu rescindir seu acordo de colaboração do Banestado e condená-lo no caso, em setembro de 2014, a quatro anos e quatro meses de prisão. “[Youssef] teve sua grande chance de abandonar o mundo do crime com o acordo de colaboração premiada, mas a desperdiçou, como indicam os fatos que levaram à rescisão do acordo”, afirmou o magistrado.

Apesar do puxão de orelhas do juiz, Youssef repetiu na Lava Jato o mesmo expediente para evitar passar o resto da vida atrás das grades: contar o que sabe. E conseguiu uma segunda “grande chance” ao firmar o segundo acordo da Lava Jato – ele só não foi mais rápido que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, seu amigo de longa data.

Em seus depoimentos à força-tarefa do MPF, Youssef relatou como – e a quem – encaminhava remessas de propina de contratos da Petrobras com empreiteiras. O doleiro e seus “funcionários” cruzavam o país para entregar malas recheadas com dinheiro vivo ou faziam depósitos no exterior por meio de empresas offshore.

Continua após a publicidade

Entre os políticos citados por Alberto Youssef aos procuradores, estão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Fernando Collor de Melo (PTC-AL), os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e deputados de PT, PP e PMDB.

As revelações do doleiro sensibilizaram Moro. Ao condenar Youssef pela primeira vez na Lava Jato, em abril de 2015, a nove anos e dois meses de prisão, o juiz ponderou que “ainda que o colaborador seja um criminoso profissional e mesmo que tenha descumprido acordo anterior, como é o caso de Alberto Youssef, se as declarações que prestou soarem verazes e encontrarem corroboração em provas independentes, é evidente que remanesce o valor probatório do conjunto”.

Esta foi uma das nove sentenças condenatórias que o magistrado assinou contra o doleiro, réu em 14 ações penais da Lava Jato. O total das penas é de intermináveis 132 anos e 20 dias de prisão.

A 5ª cláusula de seu acordo de delação premiada com o MPF prevê, no entanto, que as penas dos processos sejam suspensas quando transitarem em julgado condenações que somem 30 anos de prisão. Graças a esta condição, Youssef já teve suspensas três sentenças. Ele também acabou absolvido em outros três processos e teve uma ação penal extinta sem julgamento de mérito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.