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Passeata de estudantes tumultua o centro de São Paulo

O vidro de um táxi foi quebrado com um soco, panfletos ficaram espalhados pelo chão e adesivos foram afixados às estátuas do Largo do Anhangabaú

Por Bruno Abbud
10 nov 2011, 21h32

Mais de 1.000 estudantes, trabalhadores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) – entre eles os 72 presos por invadirem a reitoria – fizeram uma passeata pelas ruas do centro da capital paulista nesta quinta-feira. Ao longo do percurso, o trânsito foi parado pelos manifestantes e houve conflito entre integrantes da manifestação, motoristas e motociclistas. Segundo a Polícia Militar, a multidão diminuiu para 600 pessoas no meio da tarde. A bordo de um caminhão de som, os líderes pediam aos berros a renúncia do reitor da USP, João Grandino Rodas, o fim do convênio entre a universidade e a PM e a extinção dos processos administrativos abertos pela USP contra alunos e servidores. Leia também: A turma de invasores como ela é A multidão saiu às 14h15 do prédio da faculdade de História, no câmpus da Zona Oeste. Quatro ônibus alugados por 400 reais cada carregaram 176 alunos até o Largo São Francisco, onde fica a faculdade de Direito da USP. Outros manifestantes chegaram ao local de ônibus de linha e de metrô. A reportagem do site de VEJA acompanhou cerca de cem alunos que saíram do campus em direção à estação Butantã e seguiram para o centro. Os guardas do metrô corriam para comunicar os colegas no pavimento inferior sobre a movimentação. Aos gritos de “Fora PM!” e “Vem pra luta contra a PM!”, os alunos desceram as escadas rolantes e deixaram alguns usuários irritados. “Eu preciso trabalhar, caramba”, disse uma mulher. “Nós também trabalhamos”, retrucou uma estudante. Nos vagões da recém-inaugurada Linha Amarela, o trajeto até a estação Luz foi repleto de cantorias e palavras de ordem berradas em coro. Depois da baldeação, a cena mudou. Na Linha Vermelha, a mais superlotada do metrô, uma menina de calças coloridas mirou o interior de um vagão e disse: “Ai, gente de verdade!”. Durante o trajeto até a Sé, amontoados ao lado de “gente de verdade”, os alunos não cantaram sequer uma palavra.

Manifestantes quebram vidro de táxi no centro de São Paulo
Manifestantes quebram vidro de táxi no centro de São Paulo (VEJA)

A passeata pelo centro da cidade começou por volta das 17 horas e atraiu o olhar de curiosos, aglomerados nas janelas dos prédios antigos. Alguns jogavam papéis picados. A PM foi orientada a permanecer no Largo São Francisco, sem seguir a caminhada. “Eles provocaram a PM o tempo todo”, justificou o capitão Airton Vanzelli, que cuida do policiamento na região. Durante o trajeto, o vidro de um táxi foi quebrado com um soco, panfletos ficaram espalhados pelo chão e adesivos foram afixados às estátuas do Largo do Anhangabaú. Trânsito – Ao contrário dos comerciantes, que venderam refrigerantes e salgados como nunca, os motoristas, motociclistas e pedestres estavam furiosos. Depois de percorrerem a Avenida São João e se solidarizarem aos gritos com os sem-teto que ocuparam dois edifícios ali, os manifestantes pararam o trânsito na esquina com a Avenida Ipiranga. Cleber Santos, de 37 anos, que trabalha numa empresa de publicidade no centro, teve de se conformar. Com uma multidão no caminho, não conseguiria chegar a tempo na faculdade, na Zona Sul. “Por que eles não vão interditar o Congresso?” Quando Cleber reclamou, uma manifestante levantou um cartaz diante do rosto dele, com os dizeres “Fora PM!”. Estresse – Às 18h16 – horário de pico -, na Ipiranga, uma mulher a bordo de um Hyundai i30, tentou atravessar o bloqueio. “Você está louca?”, gritou uma estudante de rosto pintado, antes de desferir um soco no capô. “Isso é um absurdo, eu entro no trabalho às 18h30”, disse Francisco Parente, de 58 anos, no carro de trás. João Carlos, de 50 anos, que trabalha nos Correios há 20, tinha que transportar 200 caixas até o Aeroporto de Congonhas. As encomendas atrasaram, assim como o casal Danilo Lima, 24, e Gabriela Orbitelli, 22. Em uma moto, os dois tentaram passar pelos manifestantes. “Chutaram o pneu”, conta Danilo. “Bateram com uma vassoura no meu capacete”, completa Gabriela. Um homem de camiseta listrada e barba mal feita tentou impedir a passagem de um táxi. O taxista avançou. O homem desferiu um soco e quebrou o vidro do carro. Greve – Duas amigas conversavam perto dali, depois que a multidão se dispersou. Lenara Abreu de Mattos, 29, estuda música na USP, mas discorda dos manifestantes. “Sou a favor da PM no campus”, afirmou. A advogada Adala Buzzi, 28, completou: “Trabalhamos o dia inteiro. Não temos tempo para ser revolucionárias”. A passeata terminou às 19h30, de volta ao Largo São Francisco. Uma hora depois, os alunos entraram no prédio da faculdade de Direito para uma assembleia. A maioria votou pela manutenção da greve de estudantes.

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