Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Pássaros migratórios sob alta tensão

Por Por Pierre-Henry DESHAYES
29 nov 2011, 11h45

Ao longo de suas viagens, flamingos, cegonhas, pelicanos, aves de rapina e outros pássaros migratórios se esforçam incansavelmente para voar entre as fendas formadas pelos 70 milhões de km de rede elétrica implantada pelo mundo inteiro.

Apenas na região África-Eurásia, milhões de pássaros morrem a cada ano em uma colisão com os cabos de alta tensão e milhares de outros perdem a vida eletrocutados, segundo estudos publicados pela Convenção sobre Espécies Migratórias (CSM) durante sua conferência internacional na semana passada em Bergen (Noruega).

“Junto com a caça, as colisões e as eletrocussões são as causas de origem humana que mais provocam a mortalidade dos pássaros”, explicou à AFP o ornitólogo holandês Hein Prinsen, relator do estudo.

Para estas aves, que já são vítimas da destruição de seu habitat pelo homem e pelo aquecimento climático, os acidentes representam uma ameaça de declínio da população ou até de extinção das espécies, pelo menos em uma escala local.

Cada morte é um duro golpe para as espécies de maior porte que possuem uma reprodução geralmente lenta. No grupo das cegonhas, o desaparecimento de um adulto provoca a morte de toda a cria que necessita dos dois pais para sobreviver.

“Na situação atual, o leste europeu é um grande buraco negro, principalmente para as aves da ordem Gruiformes e as aves de rapina”, ressalta John O’Sullivan, antigo membro da Royal Society for the Protection of Birds.

“Mas os piores problemas podem se concentrar em pouco tempo na Índia e na África, onde a rede elétrica se desenvolve a toda velocidade”, disse.

Continua após a publicidade

Na África do Sul, 12% dos grous azuis, pássaro nacional, morrem todos os anos em colisões. Em um local de observação em Camargue, 122 flamingos rosa também perderam a vida desta maneira em cinco anos.

As colisões são particularmente suscetíveis de acontecer em áreas de encontro, como em pontos de água e corredores de migração, enquanto as eletrocussões acontecem muitas vezes em regiões pobres em vegetação e, portanto, sem poleiros naturais.

“O custo para a sociedade é incontestavelmente elevado por conta das panes elétricas que paralisam a indústria e pode provocar outras coisas como os acidentes” ligados à escuridão causada pelos Blackouts, afirma O’Sullivan.

“Do ponto de vista financeiro, é sensato tentar resolver o problema”, acrescentou.

Os acidentes podem ter consequências gravíssimas.

“Sobretudo nas zonas secas, nos Estados Unidos e no leste europeu, as aves chegam a queimar. Se elas caem no chão ainda em chamas provocam incêndios florestais”, explicou Prinsen.

Continua após a publicidade

Para prevenir os acidentes, os autores do estudo estabeleceram uma série de medidas.

O mais evidente é enterrar os fios de energia, uma solução implementada com sucesso na Holanda, Grã-Bretanha e Dinamarca, mas que custa caro.

Em tempos de crise financeira, outras soluções mais simples e que provaram que funcionam é tornar os fios mais visíveis com alertas visuais, equipá-los com varas e reforçar o isolamento.

Para exemplificar, o estudo mostra que a modificação neste sentido de 46.000 km de rede elétrica húngara custaria aproximadamente 220 milhões de euros, 10 vezes menos que enterrar os fios.

Este é o preço a pagar para continuar a ver os pássaros voarem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.