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Parques de diversão estão em condições precárias de segurança

Em reunião com engenheiros do Crea, donos desses espaços para o entretenimento de jovens mostraram ter dúvidas primárias sobre segurança

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 set 2011, 20h37

“O Brasil sofre de um problema sério, porque é fácil inaugurar as coisas. Depois, ninguém se preocupa com a manutenção e quando acontece algum acidente, procuram os culpados”, diz engenheiro do Crea

A reunião ocorrida nesta sexta-feira entre donos de parques de diversões do Rio de Janeiro e engenheiros do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do estado (Crea-RJ) demonstrou que esses lugares de entretenimento são verdadeiros trens fantasmas. Os proprietários do parque, ou seus representantes, não tinham informações básicas sobre segurança. Eles alegam que nunca receberam qualquer instrução sobre o passo a passo da montagem à desmontagem de um parque.

Durante a conversa com o Crea, 15 donos ou administradores de parques fizeram perguntas simples, cujas respostas eles mesmos deveriam ter na ponta da língua. Aos profissionais do conselho foi indagado quem regulamenta os parques, quem pode interditar, quem pode liberar e qual é a especialidade do engenheiro que pode emitir o laudo técnico. Um deles afirmou que não são especificados detalhes como tamanho de grades nos brinquedos, por exemplo. Outro chegou a admitir que não queria mais clientes perguntando na bilheteria se o brinquedo tinha perigo de cair.

Eles pediram ao Crea um selo de qualidade para fixar nesses lugares. Seria uma forma de dar credibilidade aos parques, que, desde o dia 14 de agosto vêm passando por um mau momento. Naquela data, morreu no Parque Glória Center a adolescente Alessandra Aguilar, de 17 anos, depois que um brinquedo se soltou. Desde então, segundo os representantes dos parques presentes na reunião, o número de frequentadores caiu quase pela metade. “As condições do material encontrado posteriormente no Glória Center depõem contra todos nós”, afirmou o dono do Tivoli Parque, Rogério Guimarães Matos.

Uma das reclamações feitas por eles é que a prefeitura do Rio não tem liberado o estabelecimento de parques na cidade desde a morte da jovem. Segundo o coordenador adjunto da Câmara de Engenharia Mecânica do Crea, Jaques Sheriques, os representantes dos parques informaram a ele que a maioria desses lugares teve o seu laudo técnico feito pelo mesmo engenheiro, que é o responsável também pelo laudo do Glória Center. Ou seja, todos eles estão agora procurando outro profissional, mais capacitado, para uma nova vistoria e emissão de laudo. “Esse engenheiro vinha emitindo laudos precários”, disse Sheriques.

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A Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (CAPA) do Crea vistoriou cinco parques após o acidente no Glória Center. Um deles foi considerado em bom estado. Já nos outros foram encontrados brinquedos sem cintos de segurança, um cinto para duas crianças e outros problemas. Segundo Luiz Antônio Cosenza, coordenador da Comissão de Análise e Prevenção de Acidente e da Câmara de Engenharia Elétrica do Crea, a responsabilidade sobre os parques é do engenheiro que emitiu o laudo. O Crea tem dificuldade para averiguar as condições dos parques nos locais, porque muitos deles são itinerantes e logo mudam de endereço.

Ainda de acordo com Cosenza, o fato de os parques serem itinerantes agrava a manutenção. “A desmontagem aumenta as chances de problemas”, explica. E acrescenta: “O Brasil sofre de um problema sério, porque é fácil inaugurar as coisas. Depois, ninguém se preocupa com a manutenção e quando acontece algum acidente, procuram os culpados.” Cosenza também está à frente das investigações feitas pelo Crea sobre o acidente no bondinho de Santa Teresa, que matou cinco pessoas.

Uma das medidas propostas pelo Crea foi a oferta, até o fim do ano, de um curso de capacitação para os engenheiros responsáveis por produzir o laudo que permite o funcionamento do parque. Outra ideia foi juntar todos os donos para fazer uma inspeção geral nos parques que possa mostrar à população a preocupação deles com a segurança dos brinquedos. Os engenheiros do Crea pediram que eles pensassem e enviassem outras possibilidades. Um novo encontro será marcado em aproximadamente 10 dias.

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