Os estilistas tomaram Paris nessa quarta-feira com suas visões de moda, de uma floresta tropical até uma selva urbana, do clima praiano até o céu, enquanto Dries Van Noten e Felipe Oliveira Baptista se destacaram neste segundo dia da semana de moda parisiense.
O belga Van Noten, conhecido pelo público apenas como “Dries”, ganhou a simpatia da disputada primeira fila, presidida pela editora da “Vogue” americana, Anna Wintour, com looks construídos a partir de fotos de paisagens e do atrevido e curvilíneo bolero dos toureiros.
Sensuais vistas de florestas e fotos noturnas de cidades da Tailândia ao Oriente Médio, feitas pelo jovem fotógrafo britânico James Reeves, apareceram estampadas em vestidos, saias e calças tão curtas quanto bermudas, marcando o estilo leve e masculinizado do estilista.
De modelagem reta e ampla na região dos ombros, os vestidos de gola canoa de Dries caíam diretamente até os joelhos, dando a impressão de que as modelos levitavam graciosamente, apesar da onda de calor que invadiu a capital francesa.
Jaquetas de toureiro bordadas em cetim branco e preto combinadas com bermudas estampadas com imagens de florestas no mesmo tom monocromático, ou calças pretas de seda com detalhes na frente, dando a impressão de uma modelagem saruel.
As mesmas calças, em estilo marinheiro, fazem companhia a salopetes de inspiração nos toureiros, sem mangas, que tomam toda a frente do corpo e deixam as costas à mostra, presas com tiras de fita.
A paleta de cores de Van Noten foi, na maior parte do desfile, preto e branco, com detalhes em ocre, verde-esmeralda, azul-petróleo e amarelo vivo.
Para a noite, o estilista adicionou mais elementos do estilo espanhol, como nas saias ajustadas nos quadris que caíam amplas até o chão, formando uma saia de inspiração folclórica, como os antigos rabos-de-peixe.
O estilista português Felipe Oliveira Baptista mostrou uma coleção própria para a primavera-verão 2012 na passarela de Paris, após uma boa estreia em Nova York como diretor criativo da Lacoste, usando como principal fonte de inspiração os paraquedistas, mostrados em casacos e blazers.
Os zíperes definiram a coleção de Baptista, que abusou dos vestidos de tecido ultra fino e modelagem parecida com paraquedas, túnicas, macações e capas de costura irregular nas mangas e bolsos, com golas em V.
Os tons claros beges e pálidos dominaram a paleta de cores, com detalhes contrastantes de zíperes em turquesa, rosa e dourado.
As capas de paraquedistas com linhas assimétricas eram longas, com detalhes transparentes que deixavam a pele à mostra em locais estratégicos, ou eram usadas com calças cropped.
“Eu comecei com a palavra liberdade” disse o estilista português à AFP após o desfile. “Este foi um ano muito inspirador, muitas coisas aconteceram”, acrescentou.
A inspiração paraquedista veio de sua própria vida: Baptista cresceu vendo fotos de seus pais saltando durante a juventude. “Os vestidos foram realmente baseados na ideia do paraquedas. A ideia é a de que você pode brincar com eles, eles podem mudar, você tem a liberdade de viver da forma que quiser”, disse o estilista.
O trabalho de Baptista na Lacoste mudou a forma como você preparou os looks para a sua própria marca? “Não, é exatamente como antes, porém com mais concentração. É o dobro de trabalho.”
Mais cedo, Guy Laroche trouxe uma fresca brisa do mar a Paris para refrescar a multidão de fashionistas reunidos em uma tenda no Jardin des Tuileries, próximo ao Museu do Louvre.
A linha teve inspiração navy, com saias de abotoamento duplo na frente, shorts de modelagem A em verde-oliva e couro azul-marinho, além de bermudas.
Os vestidos apareceram em jérsei, com detalhes em musselina transparente, além de modelos drapeados na lateral ou com tiras brancas até os joelhos.
A agenda da quinta-feira em Paris conta com desfiles de Balenciaga, Carven e Balmain, além da famosa marca do estilista indiano Manish Arora, que deixou o cargo na Paco Rabanne após trabalhar cinco anos na famosa marca.