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Parabéns adaptado: nas festas de debutantes, os 16 viraram os novos 15

Adiadas, as comemorações marcadas para 2020 acabaram acontecendo um ano depois. Tudo bem: o importante é festejar

Por Duda Monteiro de Barros 6 nov 2021, 08h00

Depois de um período de baixa, a tradicionalíssima festa de 15 anos, ritual de passagem das meninas para o mundo adulto, volta ao calendário social, em comemorações de arromba, daquelas que exigem meses e meses de planejamento. Eis que chegou aquela cujo nome ninguém mais aguenta pronunciar e, em nome do isolamento e do distanciamento social, uma legião de garotas nascidas em 2005 viu sua noite de princesa ser adiada. E adiada de novo. E adiada mais uma vez. Quando enfim o avanço da vacinação acendeu a luz do salão de festas, havia-se passado mais de um ano — e os 16 tomaram o lugar dos 15. Nesta segunda metade de 2021, uma multidão de debutantes ligeiramente passadas da idade está, finalmente, desfrutando seu muito planejado e ambicionado momento de glória, ainda que com adaptações bem diversas do projeto original. O salão e pista de dança abarrotados de antigamente deram lugar a ambientes abertos, mesas bem separadas umas das outras, rios de álcool em gel, medição de temperatura e, em alguns casos, apresentação de carteira de vacinação e testes negativos. Até as velinhas sentiram o baque: para evitar gotículas indesejáveis em cima do bolo, algumas famílias optam por distribuir velas aos presentes e, encerrado o Parabéns a Você, cada um sopra a sua — inclusive a aniversariante.

A expectativa, relata a administradora Renata Gomes, 47, de São Paulo, foi estressante. Ela começou a planejar o aniversário da filha Nicole em 2018, dois anos antes da data marcada para a festa, em abril do ano passado. Na exata semana da distribuição dos convites, a epidemia foi oficializada e o Brasil se fechou. “Remarcamos quatro vezes, na esperança de que a situação ficasse mais tranquila. O ano virou e percebemos que não seria possível acertar uma data tão cedo”, diz Renata. O jeito, então, foi recorrer a mais uma tradição americana, o Sweet Sixteen — a chegada dos 16 anos, que, lá, ainda por cima, dá direito a tirar a sonhada carteira de motorista. Como na adolescência tudo muda rapidamente, a festa de Nicole passou por uma série de transformações. O vestido no estilo de princesa foi substituído por um modelo mais justo e com transparências. A decoração, uma mistura de rosa e lilás, ganhou tons de vermelho. “Já não sou a mesma, passei por muitas mudanças. A festa de 16 anos tem um ar mais jovial, não tão menininha”, comenta Nicole.

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NOVIDADE – Convites para festas dos “15+1”: as adolescentes descontam o atraso um ano depois – (./.)

A festa de 15 anos, que já foi tradição em quase toda a América Latina (e caiu em desuso em muitos locais), tem sua origem no México, onde La Quinzeañera, como é chamada, nasceu misturada às tradições religiosas e segue forte até hoje. “A pandemia sufocou um importante encontro social dos adolescentes, mas não tirou a vontade de festejar. Quem não pôde celebrar os 15 resolveu fazer festão de 16”, explica o cerimonialista Roberto Cohen, um dos mais requisitados do Rio de Janeiro, que calcula um aumento de 30% nas festanças de adolescentes nesta segunda metade do ano, em comparação com 2019.

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Evidentemente, o adiamento nem sempre é indolor. A dentista Maria Stela Rocha, 46, de Fortaleza, perdeu dinheiro com a falência da casa de eventos reservada para a festa de debutante da filha Isabel, marcada para agosto do ano passado. Mas ela não desistiu e, um ano e um mês depois, a celebração dos “15+1”, como aparece impresso em alguns convites, enfim aconteceu. “A ansiedade e a expectativa acabaram deixando tudo melhor”, garante Maria Stela. Outra saída para preservar o investimento financeiro e emocional foi adiar por três anos parte dos serviços contratados e arrebentar no aniversário dos 18 — que, inclusive, permite o consumo de bebida alcoólica pela aniversariante e sua turma. A assessora de cerimonial Dinah Marinho, 38, de São José do Rio Preto, foi uma das que preferiram atrasar a celebração para quando a filha Evelyn chegar à maioridade, em 2023. “Já pagamos tudo, mas pedimos e conseguimos a transferência da data”, diz.

Os organizadores observam que a fluidez, a praticidade e a impaciência com a ostentação, marcas das novas gerações que foram ainda mais impulsionadas pelos rigores da pandemia, estão presentes nesta retomada das grandes festas de aniversário. “As celebrações não seguem mais manuais rígidos. A máxima é respeitar as vontades das meninas”, afirma a cerimonialista Patrícia Kelab, do Rio de Janeiro. Seja com aura de conto de fadas ou neons de balada teen, ao ritmo de valsa, rock’n’roll ou sertanejo, nada melhor do que, passado o sufoco maior, poder voltar a celebrar a vida.

Publicado em VEJA de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763

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