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Para Beltrame, falta de ‘líderanças’ nas quadrilhas fez com que ataques aumentassem em UPPs

Secretário de segurança avalia momento como o mais difícil já vivido em seu projeto de ‘pacificação’ e diz que desordem se deve ao fato de chefes terem saído dos morros ou sido presos. Só em 2016, seis policiais morreram e outros 60 ficaram feridos

Por Da Redação 11 Maio 2016, 12h57

O secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, admitiu pela primeira vez o quadro caótico em que se encontra o principal programa de governo, as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), onde somente nesses primeiros meses do ano de 2016 seis policiais foram assassinados e outros 60 foram feridos à bala. Beltrame, no entanto, surpreendeu na análise feita sobre o quadro atual de seu projeto. Em entrevista à Rede Globo, ele afirmou que a falta de um comando nessas quadrilhas de bandidos tem contribuído para os sucessivos ataques.

“Temos documentos de inteligência que mostram que de presídios, tanto federal como aqui, a ordem é continuar mantendo o desmerecimento do programa. E infelizmente, hoje, como você não tem lideranças dentro dessas áreas, já que muitos foram embora ou estão presos…Então isso está nas mãos de menores ou de pessoas totalmente desapegadas de qualquer tipo de responsabilidade e uma total banalização da vida”, afirmou Beltrame, que não esclareceu porquê o controle desses territórios não está nas mãos da polícia que começou a ocupá-los no final de 2008.

Antigas promessas e mudança de discurso

Beltrame passou os últimos dias requentando promessas feitas há anos e que, quando saíram do papel, não deram resultado. Primeiro, como resposta à morte da jovem estudante Ana Beatriz Frade, de 17 anos, sábado, durante um arrastão na Linha Amarela, disse que colocaria motos para patrulhar as ruas. O projeto foi anunciado pela mesma secretaria de segurança ao menos três vezes, sendo a primeira delas em 2010.

Sobre as cabines blindadas abandonadas – como a da Linha Amarela e tantas outras espalhadas pela cidade -, o secretário disse que vai colocá-las dentro de favelas que contam com UPPs. “A maioria delas nós vamos levar para dentro dessas áreas, principalmente as torres que dão melhor proteção e visibilidade ao policial”. Em janeiro de 2015, entretanto, a medida já havia sido tomada e cabines foram instaladas no Complexo do Alemão três meses mais tarde. Cabines, aliás, que já foram atacadas várias vezes por traficantes.

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Em relação às críticas sofridas em virtude da morte do soldado Evaldo César Silva de Moraes Filho, de 27 anos, executado por bandidos do mesmo Alemão quando chegava para trabalhar na UPP local, domingo, ele tentou explicar o motivo de o policial não estar armado. Na PM, todos precisam de autorização superior para comprar uma arma. Evaldo já tinha conseguido, mas para fazer a retirada da pistola, precisava de um certificado que não saiu por falta de papel. O secretário admitiu o problema e apresentou como solução algo também já antigo: “A falta do papel existe, mas não é um papel comum. É um trâmite complicado, mas isso também não é desculpa para que esses policiais não tenham este documento. Na formatura, deveríamos dar uma cautela e uma arma para cada um”, disse.

Em uma simples pesquisa de internet é possível perceber que o mesmo governo fluminense anunciou isso em abril de 2011. A medida foi tomada pelo então comandante geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, e tinha como objetivo, além de proteger os policiais no caminho de ida e volta pra casa, “possibilitar aos comandantes das unidades um controle maior sobre o armamento usado por seus subordinados e dificultar o desvio de armas”. O projeto saiu do papel, mas anos depois a PM mudou as regras.

Beltrame não fez apenas promessas antigas nesses últimos dias. O secretário, mais uma vez, adotou uma mudança radical no seu discurso. Após a morte do sargento do Bope André Luiz Vaz Nonato, de 29 anos, semana passada, no também considerado ‘pacificado’ Morro da Providência, no centro, ele disse que “as pessoas que atirarem na polícia vão levar tiro também”. O curioso é que esta frase contrária totalmente sua orientação, exposta em dezembro do ano passado, durante uma reunião da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (Alerj). Na época, Beltrame dizia que toda a capacitação feita com agentes de UPP tinha como objetivo evitar mais mortes: “A gente não quer ensinar o policial a atirar. A gente quer que ele se abrigue e chame reforço”, dizia.

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