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Pais de garoto que atirou em colegas temem retaliação

Justiça autorizou que o garoto fique em cela separada na delegacia até ser ouvido pelo juizado de menores nesta segunda-feira

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2017, 21h38 - Publicado em 22 out 2017, 20h58

A família do adolescente de 14 anos, que matou dois colegas a tiros no colégio da rede privada Goyases, em Goiânia, teme pela vida do garoto após sua internação e tenta, na Justiça, mantê-lo em uma cela separada dos demais internos. Esta é, no momento, a principal estratégia da defesa do menino, que está recolhido num local à parte na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (DEPAI). Como é acusado de dois homicídios e quatro tentativas de assassinato, a expectativa da própria defesa é que ele receba a punição máxima e fique internado por um período máximo de três anos no Centro de Internação para Adolescentes, em Goiânia.

A advogada Rosângela Magalhães de Almeida, no entanto, afirma que ele não pode ser colocado em qualquer instituição socio-educativa devido à repercussão do caso e pelo fato de os seus pais serem militares — o pai é major e a mãe, sargento da Polícia Militar de Goiás. Segundo ela, o pai já foi por muitos anos o responsável pela segurança do presídio de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital do estado. “Ele corre risco de vida porque os pais são militares. E você sabe como é? Os bandidos podem querer retaliar o pai por meio do filho. Além disso, há o risco de linchamento pelo caso ter sido amplamente divulgado”, disse a advogada a VEJA. Segundo ela, o garoto lhe disse ontem estar “arrependido” do crime que cometeu.

A mãe do garoto está internada em um hospital local e tem passado os últimos dois dias à base de calmantes. Ela entrou em estado de choque na última sexta-feira ao ir na escola Goyases e se deparar com a correria de crianças assustadas e feridas, e o filho algemado. O pai, por sua vez, está “sem reação”, nas palavras da advogada, que passou a manhã deste domingo conversando com ele. “Ele era um garoto muito introvertido, mas era exemplar, só tirava boas notas na escola e tinha uma família estruturada. Ninguém esperava que isso aconteceria”, disse ela, frisando que o menino não sofria de nenhum transtorno psicológico. Ela, no entanto, confirmou que o garoto relatava aos pais constantes casos de bullying na escola, como xingamentos de “fedorento” e “merda” por parte de colegas de classe.

A juíza plantonista Mônica Cezar Moreno Senhorelo determinou neste sábado a internação provisória do adolescente por 45 dias, o limite máximo previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) numa decisão preliminar. Atendendo a um pedido da defesa, a magistrada autorizou que ele continue na delegacia até a audiência no Juizado da Infância e Juventude, que deve acontecer nesta segunda-feira.

A defesa também tenta afastar a possibilidade de responsabilização dos pais pelos crimes cometidos pelo garoto. A arma que ele usava, uma pistola .40, pertencia à mãe. A advogada não quis detalhar como pistola estava guardada e como o filho teve acesso a ela. Disse apenas que a arma estava “muito bem acondicionada”. “Não houve nenhuma negligência por parte dos pais. E ele nunca tinha manuseado a arma, seus pais nunca o ensinaram a atirar”, completou.

Em depoimento à polícia, o garoto disse que sacou a arma da mochila no meio classe e que deu o primeiro disparo sem querer com ela ainda na mala. Depois, mirou e disparou em seu desafeto na escola, que morreu. Em seguida, descarregou o pente de onze balas aleatoriamente, atingindo um amigo seu, que também faleceu, e mais quatro colegas. As duas vítimas de 13 anos foram sepultadas neste sábado.

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