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Pai da família brasileira esquartejada em Madri acumulava dívidas

Walfran Campos, irmão de Marcos Campos Nogueira, afirma que o caçula de seis filhos só queria vencer na vida. Mas seus negócios faliram

Por Rafaela Lara Atualizado em 24 set 2016, 09h41 - Publicado em 24 set 2016, 09h41

Há uma semana a família de Marcos Campos Nogueira, de 41 anos, foi abalada pela notícia de uma barbárie: os corpos dele, da mulher Janaína Santos Américo, de 39 anos e de seus dois filhos – uma menina de 5 anos e um menino de 1 – foram encontrados, no último domingo, esquartejados em uma casa na província de Pioz, a 60 quilômetros de Madri. Para a polícia, o crime se deu por um acerto de contas – visto que a execução tem traços do trabalho de matadores profissionais. Nogueira vivia na Europa há cerca de quinze anos e havia acabado de alugar a casa em que foi morto. Da Paraíba, onde vive, o irmão dele, Walfran Campos, falou ao site de VEJA.

 

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“Ele era uma pessoa cheia de sonhos”

Segundo Campos, Marcos era uma pessoa “do bem” e que sempre procurou ajudar as pessoas à sua volta, desde quando morava no Brasil. Ele conta que o irmão foi para Espanha com o intuito de “vencer na vida” – e isso pode ter custado a vida dele, da mulher e dos filhos.

Campos afirma que o irmão tentou montou uma cafeteria e uma empresa de construção na Espanha. Ambas faliram. Atualmente ele trabalhava em uma churrascaria em Madri. “Marcos era uma pessoa que queria triunfar como qualquer um que sai do país, ele queria trabalhar, realizar sonhos, viver bem. Ele era uma pessoa cheia de sonhos”, afirmou. Sobre a tese da polícia, de que o crime se tratou de um acerto de contas, ele afirma que o irmão estava, de fato, endividado. Mas não crê que Marcos pudesse ter se envolvido com drogas.

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“É Marcos?”

A constatação da tragédia veio no momento em que a imprensa internacional mostrou fotos da casa onde os corpos foram encontrados. Campos, que tem amigos na Europa, recebeu mensagens que o alertavam sobre o ocorrido. “Corri para o computador e confirmei através do endereço e da foto da casa. Falei: é meu irmão”. Sua mãe, no entanto, custou a entender a dimensão da tragédia. “Minha mãe me abraçou e perguntou: ‘É Marcos?’, e eu falei que era”.

Desde então, a família busca forças para encarar a difícil situação. “Nossa mãe está à base de remédios. Quando ela volta ao normal, começa a chorar e lembra da barbaridade da morte dos netos, do filho e da nora”. A última conversa de Campos com o irmão foi em 16 agosto. Ele era o caçula de uma família de seis irmãos.

“Não cheguei a conhecer o ‘pequenito’”

Campos disse que pretendia visitar a família do irmão ainda neste mês. O filho mais novo do casal, que nasceu na Espanha, ainda não conhecia o tio pessoalmente. “Queria conhecer a casa nova de Marcos. Rever todos eles, mas não cheguei nem a conhecer o pequenito [filho de um ano do casal]”.

Marcos conheceu Janaína em João Pessoa, na Paraíba, quando resolveu passar uma temporada com a família. A primeira filha do casal nasceu no Brasil. Ele morava na Espanha há mais de 15 anos e Janaína há, pelo menos, três. De acordo com Walfran, Janaína era uma pessoa muito amável e querida por todos.

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“Não tive nenhum apoio”

Diante da tragédia, Campos afirma que não recebeu apoio de órgãos do governo federal. “O Itamaraty não me ligou, não emitiu condolências, nem nada. Estou sozinho, não tive nenhum apoio”, afirmou. Em nota, o Consulado-Geral do Brasil em Madri afirmou que aguarda os resultados do exame de DNA para se pronunciar. Ele conseguiu uma passagem de ida para Espanha através do governo do Estado da Paraíba e vai até lá para acompanhar as investigações. “Recebi duas ligações da Guarda Civil da Espanha pedindo informações e colaboração para encontrar os criminosos”.

“Estou com passagem para Espanha comprada”

O irmão de Marcos vai embarcar para a Espanha nesta próxima segunda-feira para resolver as questões referentes ao traslado dos corpos, laudos e pericias. A primeira pessoa a procurá-lo para prestar condolências foi o Consulado Espanhol em Salvador, na Bahia.

Campos afirma que ainda é “muito cedo” para falar sobre a causa da morte de seu irmão. “A polícia da Espanha ainda está investigando. Saber se foi acerto de contas, drogas, dívidas ou qualquer outra coisa não trará meu irmão de volta, infelizmente”.

Entenda a chacina

No último domingo, um vizinho da casa onde a família brasileira morava chamou a polícia local devido ao forte odor que vinha da residência. Com a chegada das autoridades, confirmou-se a morte de quatro pessoas – dois adultos e duas crianças, uma menina de 5 anos e um menina de 1. Segundo a polícia local, os corpos estavam há pelo menos um mês na residência em seis sacos de lixo.

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