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Padres sofrem novos ataques de apoiadores de Bolsonaro

Aumento da intolerância dentro das igrejas católicas

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 out 2022, 11h28 - Publicado em 20 out 2022, 10h28
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  • Nos últimos dias, a Igreja Católica se tornou mais um ambiente do embate político que o Brasil vive às vésperas do segundo turno das eleições. Os ataques aos padres se intensificaram após ida de Jair Bolsonaro (PL) ao santuário de Nossa Senhora Aparecida no feriado do dia 12.  

    Uma mulher gritou com um padre durante uma missa dominical, na manhã de domingo, 16, na igreja católica São João Batista, em Jacareí (SP). O motivo foi a homilia sobre intolerância e a citação dos nomes de Marielle Franco, assassinada em 2018, no Rio de Janeiro, e do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, mortos no Amazonas este ano.  “O senhor não vai falar de Marielle Franco dentro da casa de Deus. O senhor não vai falar de Marielle Franco, uma homossexual, uma envolvida com o tráfico de drogas, o senhor não vai falar de Marielle Franco dentro da casa de Deus. Uma esquerdista do PSOL, uma homossexual, que quer a ideologia de gênero dentro da escola das crianças”, gritou a mulher, citando fake news sobre Marielle.

    Também no domingo, o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi alvo de apoiadores de Bolsonaro no Twitter por usar uma roupa vermelha em sua foto de perfil. O religioso teve que explicar que a cor, erroneamente associada ao Partido dos Trabalhadores (PT), na verdade se trata de uma norma padronizada na Igreja Católica para cardeais, como ele. 

    Padre Zezinho, conhecido na música religiosa, também foi vítima de ataques bolsonaristas, na sexta-feira, 14. Ele anunciou que vai se ausentar das redes sociais até 31 de outubro, depois das eleições. O motivo seriam ofensas contra ele, o Papa Francisco e bispos, além de calúnias, palavras de baixo calão e xingamentos. Ele conta que foi chamado de “comunista” e “traidor de Cristo e da pátria” por apoiadores de Bolsonaro.

    Um outro padre também foi hostilizado durante missa. O caso ocorreu na Paróquia Nossa Senhora da Luz, da Comunidade Nossa Senhora do Carmo, em Fazenda Rio Grande (PR), no dia 12. Durante a homilia, o padre citou que “o Deus da vida nunca vai pactuar com as forças da violência, nunca vai estar do lado daquele que prega o armamentismo, porque Deus é amor, solidariedade”. O paroco foi interrompido aos gritos por uma mulher que o questionou. “O Deus da vida é a favor do aborto, padre? Ele é a favor da ideologia de gênero? O senhor está pedindo voto para o Lula”, afirmou a mulher. O padre negou e as pessoas aplaudiram.

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