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Operários confirmam derrubada de paredes estruturais do Edifício Liberdade

Em acareação na Polícia Federal do Rio, trabalhadores que participavam da reforma do 9º andar do prédio revelam detalhes sobre a remoção de elementos que sustentavam a construção, por ordem de funcionária da empresa T.O.

Por Da Redação 3 abr 2012, 19h31

Na série de irregularidades também consta o uso de profissionais não habilitados para a obra. Nenhum deles era pedreiro

Os quatro operários que atuaram na obra da empresa T.O. (Tecnologia Organizacional) no edifício Liberdade afirmaram nesta terça-feira, em acareação na sede da Polícia Federal do Rio, que derrubaram cerca de oito paredes do 9º andar, quatro delas eram estruturais, ou seja, ajudavam a sustentar o peso da construção. O prédio caiu no dia 25 de janeiro deste ano no centro do Rio junto com outras duas edificações vizinhas. No total, 22 pessoas morreram. Dos cinco desaparecidos, dois foram identificados nesta terça-feira através de exame de DNA. Não será possível fazer o reconhecimento dos outros três. Segundo o delegado da PF Fábio Scliar, as obras no pavimento deixaram apenas duas paredes de pé – uma estrutural, outra comum – e uma coluna.

Na série de irregularidades também consta o uso de profissionais não habilitados para a obra. Nenhum deles era pedreiro, o que Scliar classificou como “certa leviandade”. Wanderley Muniz da Silva trabalhava como auxiliar de pedreiro. Alexandro da Silva Fonseca também era auxiliar de pedreiro nas horas vagas. Gilberto Figueiredo e André Moraes da Silva eram contratados de uma empreiteira de decorações, que trabalhava com piso e gesso. Ou seja, além de não haver um pedreiro na obra, quem tocava a reforma era uma empreiteira que não está acostumada a fazer trabalhos como o de derrubada de paredes. Os quatro afirmaram em depoimento que a ordem de transformar o andar em vão livre foi dada por Cristiane Azevedo, funcionária da TO formada em administração e com um curso de auxiliar de confecção de plantas, segundo informou o advogado da empresa, Jorge Willians, após o acidente.

Na sede da PF no Rio, Willians voltou a reiterar que as paredes não eram de viga e serviam apenas como divisórias do espaço. Enquanto para o delegado ficou claro que era necessário que a obra tivesse Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e autorização da prefeitura, o advogado disse que não era preciso. “Obras para adequação do espaço às necessidades da empresa”, afirmou Willians. Sobre a contratação de uma empreiteira especializada em decoração, o advogado argumentou: “A TO fez licitação e contratou a empresa mais adequada ao seu orçamento”.

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Gilberto, que coordenava as obras no local pela empreiteira, pediu nesta terça-feira que Jorge Willians não participasse da acareação. Ele alegou constrangimento ao delegado e, por isso, as explicações dadas pelos quatro operários não foram acompanhadas por nenhum advogado. A suspeita de uma eventual pressão por parte da empresa pode ser corroborada pelo fato de o advogado ter convidado três dos participantes da acareação a comparecer a seu escritório, nesta terça-feira, às 8h – antes, portanto, de irem à delegacia. “Eu os represento. Como vou oprimir os meus próprios clientes?”, disse Willians. Nenhum dos três apareceu no escritório.

Scliar afirmou que, na acareação, todos os quatro ficaram convencidos de que derrubaram paredes estruturais. Alexandro chegou a confessar ter mentido em um depoimento anterior dado à Polícia Civil, por medo das consequências. Antes, havia afirmado que Cristiane tinha dado ordens para deixar três paredes de pé. Desta vez, afirmou que a orientação era para quebrar tudo. “Ele disse que estava abalado emocionalmente quando depôs e quis corrigir algumas coisas”, contou o delegado. Em depoimento, Cristiane negou ter dado qualquer orientação desse tipo.

Segundo Scliar, ainda não se sabe em qual tipo penal os sócios da empresa e a administradora poderão ser enquadrados. Por enquanto, poucas certezas: “Difícil falar sobre responsabilidades agora. Mas talvez estejamos nos aproximando de dizer que uma boa parte da responsabilidade foi da obra do 9º andar”, afirmou Scliar.

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