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Operador diz que foi pressionado por parque

Por Da Redação
2 mar 2012, 18h27

Por Tatiana Favaro

Campinas – Um funcionário do brinquedo La Tour Eiffel, atração do parque Hopi Hari na qual morreu a adolescente Gabriella Nichimura no último dia 24, disse à Polícia Civil e ao Ministério Público de Vinhedo (SP) ter se sentido pressionado por gerentes do complexo de diversão na segunda-feira que sucedeu o acidente.

Vitor Igor Spinucci de Oliveira é um dos operadores do brinquedo do qual caiu Gabriella. Ele disse a seus advogados, Bichir Ale Bichir Júnior e Vinícius Ale Bichir, e às autoridades policiais, que teria sido levado para uma reunião com uma advogada e dois gerentes no início da semana. Os dois funcionários superiores teriam entregue a Oliveira um texto, pedido ao operador para copiá-lo de próprio punho e assiná-lo. O documento era uma declaração de que ele tinha feito o treinamento necessário para operar o brinquedo.

Segundo informou Bichir Ale Bichir Júnior, o modelo do documento tinha datas retroativas, mas seu cliente disse ter colocado no documento de próprio punho a data do dia 27. “Meu cliente disse ter se sentido pressionado principalmente pelos funcionários superiores para a assinatura desse documento”, disse o advogado do operador. A defesa do funcionário não revelou nomes de outros operadores ou superiores.

O advogado do parque, Alberto Zacharias Toron, confirmou que uma advogada de sua equipe chamou os operadores para obter informações sobre o dia do acidente. “O que posso, sim, confirmar é que minha colega conversou com as pessoas envolvidas para saber o que havia ocorrido”, disse. “Mas eu desconheço a existência desse documento, até porque ele não precisaria assinar nada porque todos os funcionários que entram no parque recebem um treinamento dividido em três fases, uma de palestras, outra de uma leitura acompanhada e uma terceira, em campo, com supervisão de funcionário experiente”, disse Toron.

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Vitor trabalha no parque há oito meses, sempre na Torre Eiffel. Segundo um de seus advogados, ele confirma a leitura de um manual com cinco páginas e uma etapa prática, mas sem orientação técnica. “Ele disse que o que chamam de treinamento é algo muito precário”, afirmou Bichir Júnior. O delegado de Vinhedo, responsável pelo caso, Álvaro Santucci Noventa Júnior, disse que a partir de segunda-feira ouvirá outros operadores, supervisores e gerentes do parque, que permanecerá fechado por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para perícia em diversos brinquedos.

Foto

Somente na última quarta-feira, a polícia e a Promotoria descobriram, por meio de fotografia levada pela família de Gabriella, que a menina sentou-se em uma cadeira que não poderia ter sido utilizada pois estava inoperante havia ao menos dez anos. A atração La Tour Eiffel possui cinco setores com quatro cadeiras em cada um. Dois setores estão desativados completamente. No setor 3, a primeira cadeira da esquerda para a direita de quem olha para o brinquedo estava inutilizada. O motivo seria a localização do assento, segundo o parque. Se uma pessoa com compleição física maior sentasse ali, poderia esbarrar as pernas em estrutura metálica existente para dar à atração os traços da Torre Eiffel.

A cadeira não possuía nenhum aviso e ficava permanentemente travada. Naquele dia, por falha de manutenção assumida pelo parque ontem, a trava abriu e permitiu que Gabriella se sentasse ali. Segundo informou o delegado na quarta-feira após ouvir o depoimento de Vitor, em nenhum momento o garoto disse desconhecer que a cadeira não poderia ter sido usada. “Ele disse que ele fiscalizava outro setor no momento que Gabriella sentou-se na cadeira que deveria estar interditada. Provavelmente, o fato dela sentar-se ali passou despercebido por todos eles (operadores)”, disse Noventa Júnior.

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Trava

De acordo com o que explicou o garoto à polícia e à Promotoria, no dia do acidente, 15 minutos antes da abertura dos portões do Hopi Hari, o operador Marcos Antônio Tomás Leal, de 18 anos, que esteve na delegacia na quarta-feira mas não chegou a depor, teria notado que a trava da cadeira do setor 3 que deveria estar inoperante estava solta, ou seja, uma pessoa poderia abri-la e sentar-se. Leal avisou Oliveira e outra operadora, que teria informado um superior sobre a situação. “É fundamental que os nomes dessas pessoas apareçam, para a aferição da verdade. Se os nomes foram dados à autoridade policial, que seja feito esse trabalho de ver quem é quem, para a gente sair dessa coisa nebulosa”, afirmou o advogado do parque, Alberto Toron.

Segundo os dois operadores disseram ao advogado, nenhum dos três recebeu ordem para parar o brinquedo. “Ao contrário, eles receberam a orientação de dar prosseguimento à atividade, que alguém da manutenção iria até lá”, afirmou Bichir Júnior. Oliveira disse que, antes do início das atividades, teria avisado a todos os operadores do brinquedo que a cadeira inoperante do setor 3 estava destravada.

O advogado do parque afirmou que os funcionários deveriam parar o brinquedo. “Essas pessoas tinham obrigação de impedir o uso dessa cadeira. Essa é a questão que não pode ficar escamoteada. Não é querer colocar culpa em alguém. Mas há um procedimento de segurança em todos os brinquedos que deve ser respeitado”. Toron reafirmou hoje que houve erro por parte do parque. “Não estou escondendo que houve um erro anterior de quem, na manutenção, mexeu na trava e a deixou aberta, inadvertidamente. Houve uma sucessão de falhas”, disse o advogado.

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