No coworking de um imponente edifício onde Jair Bolsonaro e seu filho senador Flávio Bolsonaro registraram a sede da empresa Bravo, os funcionários estão proibidos de dar qualquer tipo de informação. Eles sequer são autorizados a confirmar se lá funciona o empreendimento do ex-presidente que vai pesquisar, explorar e vender produtos à base de grafeno. Pouco se sabe, como revela uma reportagem publicada na edição impressa de VEJA desta semana.
Nos registros de criação da Bravo Grafeno consta como administrador o empresário brasiliense Pedro Luiz Dias Leite, ex-candidato a deputado distrital. Procurado, ele não quis se pronunciar. O empresário gaúcho Maichel Chisté, que já foi investigado por disparo de arma de fogo, também optou pelo silêncio.
Fernando Nascimento Pessoa, o quinto sócio, é um antigo assessor da família Bolsonaro. Ele trabalhou como secretário parlamentar no gabinete do então deputado Jair Bolsonaro na Câmara. Exerceu depois a mesma função no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O servidor chegou a ser investigado pelo Ministério Público por envolvimento no esquema das rachadinhas. Desde 2019, ele está lotado no gabinete do agora senador Flávio Bolsonaro. Procurado por VEJA, também não quis conceder entrevistas. O ex-presidente e o filho também não quiseram se manifestar sobre os projetos da empresa.
Fábrica fornece mineral para a principal fabricante de armas do país
O que se sabe sobre a nova empresa da família Bolsonaro é que ela já encaminhou uma parceria para fornecimento de grafeno com a UCS Graphene, firma ligada à Universidade de Caxias do Sul (RS). O reitor Gelson Rech confirma que as tratativas estão avançadas, mas ressalta que também não pode revelar detalhes. “Temos um acordo em andamento, um contrato privado, que não podemos divulgar, não só por segredo industrial, mas por respeito às regras dos negócios”, justifica.
O grafeno é um material obtido a partir do grafite. É trezentas vezes mais forte do que o aço, mais duro que o diamante e muito mais resistente. Pode ser usado, entre outras coisas, como matéria-prima para a fabricação de aviões, carros, armas e coletes à prova de bala.