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O que o debate diz sobre os candidatos do Rio

Marcelo Freixo dá sinais de que pretende partir para o ataque contra Eduardo Paes, que evita polêmicas. Otávio Leite quer ser a alternativa de rival no segundo turno, mas não consegue imprimir sua marca. Como ele, Rodrigo Maia e Aspásia Camargo

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 ago 2012, 10h16

Os próximos encontros vão confirmar. Mas tudo indica que Freixo e Maia seguirão em quase simbiosa: um (Freixo) bate, o outro (Maia) cuida das feridas do amigo, lembrando ao público as fraquezas de Paes

O calendário oficial informa que a campanha eleitoral começou em 6 de julho. Mas no Rio de Janeiro a sensação é de que a disputa começou de fato nesta sexta-feira. O tiro que serve como marco de início da corrida foi ouvido por pouca gente: em números, a audiência média de 1 ponto no Ibope significa que algo em torno de 60 mil pessoas acompanharam o debate transmitido pela Band na noite de quinta-feira. Mais importante que o alcance das mensagens é o que o confronto diz sobre as posições dos cinco principais candidatos a partir de agora.

Até o prefeito sentiu sono, como deixou escapar Eduardo Paes (PMDB), talvez por descuido, numa coletiva na manhã de sexta-feira. Mas quem resistiu acordado percebeu os sinais mais claros das estratégias de campanha. A “fase um” do plano da oposição é conseguir empurrar Paes para o segundo turno. Se alguma figura emergiu na programação da Band na noite de quinta-feira, esta foi a de Marcelo Freixo, do PSOL.

Surpreendentemente, Freixo foi o único da noite a usar gravata. O adereço serviu ao objetivo de emprestar certo ar de maturidade ao candidato, que, até o momento, tem se identificado com o eleitorado jovem – o vice de Freixo é o músico Marcelo Yuka, ex-baterista do grupo O Rappa, que ficou paraplégico depois de ser baleado em um assalto na zona norte.

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O confronto direto – ou o debate propriamente dito – acabou restrito aos dois primeiros colocados na pesquisa DataFolha (Paes tem 54% e Freixo, 10%). O candidato do PSOL tem todo o interesse em polarizar a disputa, e atacou como pôde: acusou o prefeito de não tomar providências contra milicianos envolvidos com transporte, criticou o “rodoviarismo” de Paes e a falta de metrô, a situação dos professores. Paes respondeu à altura, e, apesar de ter uma cidade ainda com sérios problemas, fez bom uso de um patrimônio de campanha: a cidade está em obras, e há projetos para citar – por imperfeitos que sejam. Freixo foi ajudado por Rodrigo Maia, que fez perguntas ‘macias’ e concordou com o que disse o deputado estadual. “Gostei da estratégia (do Rodrigo)”, disse Freixo após o debate. “Eduardo não conseguiu responder. Demonstrou não conhecer alguns índices. O PMDB tem uma concepção de cidade que é muito diferente da minha”, afirmou.

Aspásia Camargo (PV) chegou de verde, e verde foi sua participação: a candidata só apareceu quando falou de meio ambiente, tema que mais conhece – e que conhece mais que os outros.

Rodrigo Maia (DEM) e Otávio Leite (PSDB), assim como o prefeito, optaram pelo blazer sem gravata. Mas não conseguiram imprimir cor alguma ao sem tempo de exposição na Band. Maia tem feito discursos duros contra Eduardo Paes, que além de rival é um desafeto no clã de Cesar Maia. O democrata teve duas vezes a chance de fazer perguntas ao prefeito. Mas evitou. “Achei melhor perguntar os temas que eu queria para depois complementar. Queria ser bastante claro e objetivo, dar as minhas soluções para os problemas. Achei ótimo o debate. Nas perguntas feitas ao Freixo, eu já imaginava a resposta”, esquivou-se Maia, que, apesar de toda a preparação, ainda perde no quesito carisma. Rodrigo também evitou falar de seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, e de Anthony Garotinho, pai de sua vice, Clarissa Garotinho (PR).

A referência foi indireta. “O retorno do Favela-Bairro é uma urgência”, disse, sobre o programa realizado na gestão de Cesar. Ao não questionar Paes diretamente, Rodrigo também evitou que a sua imagem fosse associada à de Cesar e Garotinho. Foi o único também a citar evangélicos e católicos na busca pelo voto religioso. E bateu na tecla de que o governo não tem dado atenção à zona oeste, região populosa, onde ainda não tem penetração.

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Estão postas, assim, as razões para Maia evitar o embate com Paes: primeiro, em matéria de exposição pública, o prefeito está pelo menos quatro anos em ‘treinamento intensivo’; e é certo que, se atacado diretamente pelo democrata, Paes sacaria de seu baú o histórico problemático de Garotinho e Cesar na capital. O ex-governador tem rejeição em algumas áreas da cidade, e Cesar Maia perdeu muito de sua popularidade no fim do último mandato.

Os próximos encontros vão confirmar. Mas tudo indica que Freixo e Maia seguirão em quase simbiose: um (Freixo) bate, o outro (Maia) cuida das feridas do amigo, lembrando ao público as fraquezas de Paes.

Quem não gostou da tática de Rodrigo e Freixo foi Otávio Leite, que gostaria de se posicionar como o candidato do segundo turno. O tucano quer ser a pedra no caminho de Paes e Freixo. “Eu fui o mais incisivo”, afirmou, sobre ele próprio, logo que saiu de seu púlpito no estúdio. “Não tive sorte nos sorteios, não pude perguntar a Freixo e ao prefeito”, disse. A Paes, Otávio queria indagar sobre a taxa de iluminação pública criada na gestão peemedebista, para lembrar que uma das promessas do prefeito era não criar novos impostos. Para Freixo, o tucano tinha preparado perguntas sobre a cidade. “Ele chegou outro dia aqui no Rio”, disse Otávio, referindo-se à mudança de Freixo de Niterói para a “praia do Leblon”, como disse durante o debate.

Otávio Leite demonstrou ter boas ideias. E só. Em resumo, o público deve se lembrar de um Marcelo Freixo mais ofensivo que o habitual, e de ponderações que, volta e meia, obrigavam a câmera a mostrar o rosto – ora de cenho franzido, ora sorridente – do atual prefeito. Como criticaram o alcaide mas não imprimiram suas marcas, Maia e Otávio Leite conseguiram, no máximo, lembrar ao eleitor que Eduardo Paes quer se reeleger.

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