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O helicóptero de Perrella e as ações controladas

Os detalhes por trás da apreensão de 450 quilos de cocaína na aeronave de Zezé Perrella sugerem que o senador foi enganado. O problema agora é outro

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 jun 2017, 16h23

A revelação, esta semana, de um grampo telefônico em que o senador Zezé Perrella (PMDB-MG) diz a Aécio Neves, em tom de piada, que “só trafica drogas” ressuscitou a história da apreensão de 450 quilos de cocaína em um helicóptero na cidade capixaba de Brejetuba, no final de novembro de 2013. O aparelho – um modelo Robinson R66 – era de propriedade da família de Perrella. O caso pautou as eleições presidenciais de 2014, pois Perrella era e é um grande aliado político de Aécio Neves, então candidato. O próprio sobrenome Perrella virou, na boca dos adversários, o equivalente brasileiro de “Escobar”. Quando ele foi indicado para a comissão que analisou o impeachment de Dilma Rousseff no Senado, em 2016, os petistas ralharam, dizendo que um “traficante” não poderia exercer tal função.

Apesar do flagrante, o escândalo do “helicoca”, como os adversários dos tucanos apelidaram o episódio, não resultou em indiciamento do senador. Pouco se falou nas razões para essa decisão da PF de eximir Perrella de responsabilidade sobre a carga apreendida, mas o relatório final da investigação traz bons indícios de que ele foi enganado por seu piloto, Rogério Almeida Antunes.

Por ironia, Perrella foi salvo pelo mesmo tipo de investigação que o fez ser descoberto como destinatário do dinheiro que Aécio Neves, em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pediu para, supostamente, pagar advogados. Trata-se da modalidade de “ação controlada”.

Em 2013, quando os traficantes foram presos em flagrante com o helicóptero de Perrella, eles estavam sendo monitorados à distância pela PF. A prisão foi o último ato da polícia depois de meses de escrutínio da quadrilha.

Graças a escutas telefônicas, os policiais federais conheciam em detalhes os passos dados pela quadrilha de traficantes internacionais para aliciar Rogério Almeida Antunes, o piloto de Perrella.

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Trecho do relatório final da investigação da PF sobre o caso do “helicoca” (Reprodução/VEJA.com)

Segundo a transcrição dos grampos, o helicóptero que buscaria a carga de cocaína no Paraguai havia sofrido uma pane e realizado um pouso de emergência em uma fazenda em Avaré, no interior de São Paulo. Na busca por uma aeronave substituta, um dos pilotos que trabalhavam para quadrilha, Alexandre Oliveira Júnior, sugeriu o nome de um colega que ele havia conhecido em uma oficina no Aeroporto de Congonhas.

Tratava-se de Antunes, piloto do senador. Júnior ligou para Antunes e ofereceu a empreitada. Ele recebeu a oferta de 50.000 reais para pegar o helicóptero à revelia de seus patrões e fazer a operação ao longo de um dia.

Por orientação da quadrilha, Antunes disse aos Perrella que precisava levar o helicóptero para manutenção em São Paulo. No dia 20 de novembro de 2013, decolou rumo ao Paraguai para fazer o seu voo de estreia no narcotráfico.

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Ouvidos por VEJA, dois delegados que trabalharam no caso afirmam que no caso do “helicoca” não havia qualquer indício de que o senador José Perrella ou qualquer familiar dele estava envolvido. “Nós já tínhamos conhecimento de cada passo da quadrilha”, diz o policial.

Há duas semanas, uma nova “ação controlada” colidiu com a biografia do senador mineiro, mas dessa vez ele não aparece como vítima de uma mal-entendido. Devido à colaboração dos executivos da JBS com a Procuradoria Geral da República, descobriu-se que a conta de uma das empresas de Perrella foi a destinatária de 2 milhões de reais, em quatro parcelas, entregues pela JBS a pedido do senador afastado Aécio Neves. (Perrella negou que tenha recebido dinheiro do grupo empresarial.)

Entende-se a ironia no comentário grampeado do senador.

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