Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O futuro incerto de um planeta repleto de homens

Por Por Giles Hewitt
26 out 2011, 10h30

Num momento em que a população cruza a barreira dos sete bilhões de habitantes, os especialistas temem que o desequilíbrio de sexos favoreça o surgimento de países inteiros de solteiros em busca de uma esposa.

As consequências exatas do que o demógrafo francês Christophe Guilmoto denomina uma “masculinização alarmante” em países como a Índia ou a China devido aos abortos seletivos são ainda incertas.

Muitos especialistas acreditam, no entanto, que em 50 anos a escassez de mulheres terá um impacto na sociedade similar ao do aquecimento do clima, um fenômeno invisível, mas bem real.

Por trás dessas advertências se escondem estatísticas irrefutáveis.

Continua após a publicidade

A natureza oferece cifras invariáveis: nascem entre 104 e 106 meninos para cada 100 meninas, e a menor modificação desta proporção só pode ser explicada por fatores anormais.

Na Índia e no Vietnã, a cifra é de cerca de 112 meninos por 100 meninas. Na China, a proporção se eleva a quase 120 por 100, quando não é de 130 meninos por 100 meninas em algumas regiões.

O pior é que esta tendência se estende: no Azerbaijão, Geórgia e Armênia, a relação entre os nascimentos é de mais de 115 meninos por 100 meninas. Na Sérvia e Bósnia, se constata um mesmo fenômeno.

Continua após a publicidade

A tomada de consciente mundial a respeito remonta a 1990, quando um Prêmio Nobel indiano, o economista Amartya Sen, publicou um artigo com um título contundente: “Mais de 100 milhões de mulheres desapareceram”.

Os demógrafos calculam que esta cifra agora está acima dos 160 milhões e é o resultado da tradicional preferência por homens, da queda da fecundidade e, principalmente, as ultrassonografia baratas que permitem abortar quando se trata de uma menina.

Apesar da proporção nos nascimentos voltarem à normalidade na Índia e China nos próximos 10 anos, Guilmoto que acha em ambos os países o casamento será por várias décadas uma dor de cabeça para os homens.

Continua após a publicidade

“Não apenas esses homens terão de casar-se numa idade mais avançada, como correm o risco de ficar solteiros”, indica.

Alguns acreditam que este novo contexto poderá aumentar a poliandria (uma mulher com vários maridos) e o turismo sexual, enquanto outros preveem cenários catastróficos, nos quais a depredação sexual, a violência e os conflitos serão as novas normais sociais.

Há alguns anos, os analistas políticos Valerie Hudson e Andrea den Boer chegaram a escrever que os países asiáticos majoritariamente povoados por homens representavam uma ameaça para o Ocidente.

Continua após a publicidade

Segundo eles, “as sociedades com forte relação homens-mulheres só podem ser governadas por regimes autoritários capazes de suprimir a violência em seu próprio país e de exportá-la para o exterior por meio da colonização ou a guerra”.

Mara Hvistendahl, jornalista da revista Science e autor de um recente ensaio intitulado “Seleção não-natural”, objeta que o risco de guerras em grande escala é pouco provável, principalmente recordando que a Índia é uma democracia.

Admite, no entanto, que “historicamente, as sociedades onde o número de homens superaram ao de mulheres não são agradáveis para viver”, evocando os riscos de instabilidade e, inclusive, de violência.

Continua após a publicidade

Os serviços da ONU advertiram sobre uma correlação entre escassez de mulheres e um aumento do tráfico sexual ou imigração de populações em busca de casamento.

As soluções para o problema, no momento, não são muitas.

Na opinião de Guilmoto, a prioridade agora é assegurar-se de que o problema seja de conhecimento público, e não apenas nos países emergentes. “Na Europa oriental, as pessoas não têm a menor ideia do que está acontecendo”, adverte.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.