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O ‘fogo amigo’ de João Pedro Stédile na direção de Lula e do governo

Líder do MST critica a qualidade dos empregos gerados no Brasil e exclui o presidente da República da lista de líderes populares

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 nov 2024, 09h54
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  • Ao mesmo tempo em que o presidente Lula negociava na cúpula do G20 a assinatura de uma declaração de líderes da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza,  João Pedro Stédile, o chefão do MST, divulgou um vídeo para a militância do movimento falando sobre a inexistência de “líderes populares” na América Latina e no mundo.

    “Nós estamos mal de líderes. Se você olhar para o mapa mundo, quem são hoje as referências mundiais, que estão pelo menos no campo popular? O presidente Xi (Jinping), da China, e o Papa Francisco. Há um no ocidente e outro lá no oriente”, afirmou Stédile. Ele listou grandes líderes do passado na África, mas questionou: “E a América Latina? Quem é que nós temos? Fidel já morreu, Chávez já morreu, e os que estão aí não são líderes populares internacionalistas”.

    A observação sugere um afastamento entre o MST e o governo Lula ou, no mínimo, uma insatisfação. O movimento diz que o Brasil precisa urgentemente de um projeto de nação que promova a inclusão de milhões de trabalhadores que permanecem à margem da produção, dos direitos trabalhistas e da previdência social. “É necessário ir além da retórica e das propagandas para enfrentar os desafios estruturais do mercado de trabalho brasileiro e garantir um futuro mais inclusivo e sustentável”, disse Stédile.

    Dois outros líderes do MST radicalizam o discurso

    João Pedro Stédile não é o único líder sem-terra que tem feito críticas explícitas ao governo. Na semana passada, outro coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, afirmou que o MST não vai se contentar com a proposta do Planalto de assentar 20 mil famílias no ano que vem. “O MST não vai aceitar isso”, afirmou ele, que foi coordenador de mobilização popular da campanha do presidente Lula.

    Outro coordenador nacional, Gilmar Mauro, uma espécie de ideólogo do movimento, pregou a radicalização em uma entrevista publicada no site do MST. “Temos que falar de revolução com um sorriso nos lábios. Fazer a revolução é algo fundamental para o Brasil e para o mundo. Parece que para falar de revolução tem que falar escondidinho. Se você esconde, a esquerda não ameaça”, afirmou Gilmar Mauro.

    Stédile afirmou ainda que faltam projetos à esquerda. “Nos últimos 30 anos, a esquerda só se preocupou em participar das eleições com um discurso social-democrata, mas nunca defendemos políticas anticapitalistas”, disse.

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