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O cardápio de Kassab para 2014

Ex-prefeito de São Paulo apoia reeleição de Dilma no plano federal, mantém laços com a oposição e anuncia voo solo na disputa em São Paulo. Mas, quando o assunto é Kassab, tudo ainda pode mudar

Por Felipe Frazão 16 mar 2014, 19h35

Imagine uma mesa que reúna, em conversa amistosa, um candidato à Presidência da República, dois a governador de Estados importantes, políticos de partidos de direita, de esquerda, dirigentes do setor comercial e até um ministro do Tribunal de Contas da União. A configuração eclética pode parecer rara no universo político, mas não para Gilberto Kassab. Ex-prefeito de São Paulo, presidente e fundador do PSD, ele articula em diversas frentes seu apoio e o próprio futuro nas eleições de outubro.

No domingo passado, Kassab organizou um jantar em seu apartamento para o ex-deputado petista Paulo Delgado, o tucano Pimenta da Veiga (pré-candidato ao governo de Minas Gerais), o ex-senador democrata Heráclito Fortes (atualmente no PSB), o ex-governador do Paraná João Elísio (DEM), o ministro do Tribunal de Contas da União José Jorge, o ex-deputado Roberto Brant (MG), o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, e o secretário da Casa Civil de Goiás, Vilmar Rocha (PSD). O mais ilustre convidado foi o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que disputará a Presidência da República contra Dilma Rousseff – oficialmente, a candidata de Kassab.

O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos (PSD), e o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Rogério Amato, também recepcionaram os convidados. Oficialmente, o jantar foi oferecido em nome do conselho político da associação.

O jantar, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, teve o cardápio variado: risoto de camarão ou massa com polpeta de carne, como opção ao crustáceo. Da adega do apartamento, Kassab abriu vinhos portugueses. Para sobremesa, foi servido sorvete de maracujá com banana assada e frutas.

Nas conversas e à mesa, o presidenciável Eduardo Campos deu o tom do que seria sua palestra como candidato ao Palácio do Planalto na Associação Comercial, na manhã seguinte. “Muitos diziam que eu poderia esperar até 2018 para disputar numa posição mais confortável. Eu poderia esperar, o Brasil é que não pode”, disse Campos, segundo relato de Pimenta da Veiga.

Pimenta da Veiga, aliás, saiu do jantar com o apoio do PSD a sua chapa – o partido indicou o secretário mineiro de Saúde, Alexandre Silveira, para suplência no Senado, que será disputado pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Pimenta também costura um pacto nacional com o PSB, cujo principal avalista é o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência contra Campos e Dilma. “O Kassab insistiu na minha presença e eu gostei muito de ter ido. Sou amigo do Eduardo [Campos] há muitos anos e vi que ele está com discurso muito atualizado, agradável e com conteúdo.”

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A cena do jantar é um exemplo da atual posição que Kassab deseja consolidar para o PSD: o centro. Ao mesmo tempo em que reafirma a aliança em prol da reeleição de Dilma, Kassab ajuda a articular candidaturas de oposição. As alianças estaduais, por exemplo, não seguirão necessariamente a posição do diretório nacional do partido – fechado com o PT.

Os críticos afirmam que o ex-prefeito tenta transformar seu partido “num novo PMDB”. Leia-se: fisiologista e sem ideologia clara. É verdade que Kassab mantém um pé em cada – e qualquer – canoa. Mas também é verdade que ele e seu PSD terão papéis importantes em eleições pelo país. Em São Paulo, sua candidatura em outubro, somada à do peemedebista Paulo Skaf, tende a forçar um segundo turno entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ex-ministro Alexandre Padilha (PT). Se isso ocorrer e Dilma conseguir a reeleição, por exemplo, não será surpresa se Kassab acordar ministro em janeiro de 2015. Pelo país, o PSD de Kassab estará em palanques do PSDB, do PT e do PSB. Ou seja, das siglas que disputarão a Presidência da República.

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Kassab faz política em casa: recebe os caciques dentro de um escritório no apartamento. O movimento de carros oficiais de prefeituras e deputados não dá descanso aos porteiros e seguranças do edifício na Zona Oeste da capital paulista. A atividade passou a ficar mais intensa no fim do ano passado. Ele havia deixado o comando da prefeitura, passado por uma cirurgia de hérnia abdominal e perdido peso. Agora só tem compromisso na Universidade de São Paulo (USP), onde dá aula de planejamento urbano com a antiga equipe de sua gestão municipal. Fora isso, é “um modesto desempregado”, como costuma dizer.

O ex-prefeito diz que o seu PSD integra a base de Dilma no Congresso. Sinal disso é que dá como certa a nomeação do deputado Guilherme Campos (PSD) para um dos postos de vice-líder do governo na Câmara – onde os aliados estão representados. Ao mesmo tempo, a bancada ameaça requisitar independência em votações importantes. Um dia depois do jantar com Campos, a bancada do PSD estava liberada para votar pela aprovação. A maioria dos deputados votou contra o governo e ajudou a criar a comissão externa que investigará corrupção na Petrobras. Dos 34 parlamentares do PSD presentes, 21 foram favoráveis à comissão.

A chapa do PSD em São Paulo deverá ser puro-sangue. Ele insiste na candidatura do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao Senado para conferir credibilidade ao partido – e conquistar insatisfeitos com o PT, que são contra a reeleições do senador Eduardo Suplicy. Meirelles ainda não decidiu se aceitará concorrer, mas acompanhará o prefeito neste fim de semana, quando promoverão encontro de pré-campanha em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Questionado sobre o jantar “suprapartidário”, Kassab desconversa, em seu melhor estilo de fazer política: “Foi impessoal, só para jogar conversa fora. Até porque tinha gente com a Dilma, com Aécio e com Campos”. Quando o assunto é Kassab, até a campanha engrenar, tudo pode mudar.

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